quarta-feira, 27 de junho de 2012

Greve causa discussão entre corintianos e caminhoneiros verdes

Buenos Aires é a capital do futebol sul-americano e também dos grevistas nesta quarta-feira. Além do esperado duelo entre Boca Juniors e Corinthians, a partir das 21h50m, no estádio La Bombonera, a capital argentina é palco da manifestação de diversos setores. Liderados pelo Sindicato dos Motoristas de Caminhão e pela Confederação Geral do Trabalho, os trabalhadores protestam contra os impostos recolhidos diretamente na fonte dos assalariados.

A existência dos dois eventos provocou alguns conflitos pela manhã, em frente ao hotel Intercontinental, onde a delegação corintiana está hospedada. Na rua, centenas de torcedores se aglomeram e, com frequência, manifestantes passam no meio deles. Com um detalhe: as bandeiras e roupas dos caminhoneiros são verde e branca, cores do arquirrival Palmeiras.

Inicialmente, um grupo de dez grevistas de Salta, uma das províncias de Buenos Aires, foi bem recebido. A ponto de os corintianos usarem seus instrumentos para batucar em frente ao hotel, mesmo com as bandeiras verdes.

- Se fosse um protesto preto e branco a gente ia junto com eles para ajudar - brincou um brasileiro.

Porém, pouco depois, um grupo maior de protestantes passou pela rua e houve confusão. Eles foram “repreendidos” pelos fanáticos corintianos em razão da cor verde e revidaram. Até uma laranja voou em direção à torcida, o que causou uma troca de empurrões em massa. Sem maiores ocorrências, o grupo seguiu em diante.

- Quer protestar, protesta! Mas não de verde, p... - bradou um alvinegro.

No Brasil, a principal torcida uniformizada do Corinthians não aceita a cor em sua sede. No Pacaembu, quando alguém se atreve a entrar de verde no meio da Fiel, é vaiado e sofre pressão até tirar e ser aplaudido.

Nos dias anteriores à greve, a expectativa era de que mais setores fossem atingidos. No entanto, ao menos até o início da tarde, o transporte público e os táxis funcionam normalmente, o que deverá facilitar a vida de torcedores, tanto do Boca quanto do Corinthians, na hora de irem à Bombonera.

Os bancos também estão abertos. Mas na Avenida 9 de Julio, uma das principais da capital, cerca de cinco mil pessoas se aglomeram para protestar e o trânsito ficou completamente travado. Outro foco de manifestação é a Plaza de Mayo, onde fica a Casa Rosada, residência da presidenta Cristina Kirchner, além de outros monumentos importantes de Buenos Aires.

A cidade está suja. Os coletores de lixo aderiram à greve, assim como os distribuidores de jornais. As bancas estão abertas, mas só com revistas. A distribuição de combustível também está parada e a greve deve afetar, por algumas horas, o tráfego aéreo, ao menos na expectativa das autoridades responsáveis.