domingo, 16 de setembro de 2012

Hermano ‘quase’ brasileiro, Martinez ganha vaga no clássico: ‘Diferente’

Tevez colaborou (e muito) para que a fama de marrento dos jogadores argentinos fosse semeada pelo futebol brasileiro. Polêmicas, brigas até com companheiros e um comportamento conflituoso marcaram a passagem de Carlitos pelo país. Mas esqueça o período efervescente que o Corinthians viveu com o “rei da cumbia”. O novo “hermano” candidato a ídolo da Fiel passa bem distante disso.

Juan Manuel Martinez precisou de menos de dois meses para se adaptar à mudança de vida: trocou a agitada Buenos Aires pela ainda mais caótica São Paulo. Trocou o "médio" Vélez Sarsfield pelo gigantesco Corinthians campeão da América. Rapidamente, caiu nas graças do elenco e dos funcionários do clube com seu “portunhol” e um sorriso fácil no rosto.

– Às vezes, chego em casa falando português e minha esposa brinca: “Mas o que é isso?”. Eu digo que vou falar português lá também para aprender – diz, gargalhando.

Martinez Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)Martinez, argentino candidato a ídolo do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)

Burrito, apelido que ganhou pela semelhança com Ariel Ortega na maneira de atuar, vive neste domingo a expectativa de ser titular justamente contra o arquirrival corintiano, o Palmeiras. Depois de marcar o primeiro gol pelo clube contra o Santos, repetir a dose diante do eterno inimigo deixará o argentino boa-praça cada vez mais próximo do coração da torcida.

– Jogar contra o Palmeiras será diferente. Eu já percebi isso e também me disseram – projetou.

Confira a entrevista com Martinez:

GLOBOESPORTE.COM: Como está a adaptação ao novo clube?
Martinez: Está tranquila. Acho que estou começando a jogar bem em um time muito unido, uma grande família. Por isso preferi o Corinthians ao Santos ou outro clube da Europa. É muito fácil jogar no Corinthians por causa dos atletas, do corpo técnico e dos dirigentes. Estou muito contente de estar aqui.

O Tite tem um esquema tático pronto. Isso facilita para você?
Muito. Eu sei exatamente como tenho que jogar. É bastante parecido com o Vélez. O Corinthians tem muitas opções no elenco. Estou contente.

Podemos notar pelos treinamentos que você está sempre conversando e sorrindo com os outros jogadores. Como é essa relação?
É muito boa, todo mundo é bastante legal. Eu gosto muito de brincadeiras. É preciso isso quando você tem uma grande sequência de jogos e fica mais distante da família. Precisamos para ficar bem.

Martinez treino Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Martinez, em treino do Corinthians, no CT
(Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

O que achou da cidade?
Estou gostando. Não conheço muito porque tenho pouco tempo livre e estou morando longe (em Barueri). Mas gostei do pouco que conhecei. Tenho ido mais a shoppings e ao cinema. Tenho uma filha de um ano (Julieta) e não dá muito tempo de sair. Quando tiver um espaço maior entre os jogos quero conhecer outros locais.

E o idioma?
Eu estou falando “portunhol”. Às vezes, chego em casa falando português e minha esposa brinca: “Mas o que é isso?”. Eu digo que vou falar português lá também para aprender (risos).

Você atuou em oito partidas. Como avalia o nível do futebol brasileiro?
Há grandes jogadores no país. Para mim, é a liga mais competitiva do mundo. Nenhuma outra tem 13 times fortes. Na Espanha, tem Real Madrid e Barcelona. Na Alemanha, apenas três ou quatro. Aqui é o único lugar no mundo que existem 13 clubes fortes.

Os jogadores argentinos invadiram o Brasil nos últimos anos. Você vem mantendo contato com eles?
Estou falando com Cañete (do São Paulo), Patito Rodriguez (do Santos) e Montillo (do Cruzeiro). O Montillo está há vários anos aqui e já me falou várias coisas legais.

Neste domingo você vai encontrar o Barcos no clássico contra o Palmeiras. Como é a relação de vocês?
Ainda não falei com ele, mas espero conversar depois do jogo. Vamos jogar juntos pela seleção argentina também (contra o Brasil, no Superclássico das Américas). Eu já o enfrentei várias vezes pela LDU-EQU e acho que mais perdi do que ganhei. É um jogador que sempre fez muitos gols por onde passou e muito importante para o Palmeiras.

Será o seu primeiro clássico contra o Palmeiras. Você percebeu um clima diferente, principalmente agora com o adversário brigando contra o rebaixamento?
Jogar contra o Palmeiras será diferente. Eu já percebi isso e também me disseram. É como se fosse um jogo entre Boca Juniors e River Plate, os maiores clubes da Argentina. Eu joguei no Vélez, que não tinha um grande rival assim. O Palmeiras vive um momento difícil e precisa ganhar. Mas nós também precisamos para continuar crescendo. Para o torcedor, esse é um jogo muito importante. Para os jogadores são os mesmos três pontos que valeram contra a Ponte Preta.

martinez guerrero corinthians treino (Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)Martinez com o peruano Guerrero: só sorrisos
(Foto: Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians)

Depois do título da Libertadores, o Corinthians colocou como alvo o Mundial de Clubes, em dezembro. Você tem mais três meses para mostrar sua qualidade e tentar ser titular. É tempo suficiente?
Penso nos jogos que tenho pela frente. Não gosto de pensar muito no futuro. Temos uma grande equipe e grandes jogadores. Quero fazer meu trabalho, jogar bem e deixar para que o treinador decida.

Você acredita que por jogar no Brasil pode ter mais chances de ser convocado para a seleção argentina e, quem sabe, participar da Copa do Mundo de 2014?
A Copa é um objetivo, mas preciso jogar bem pelo Corinthians primeiro. A Argentina tem muitos jogadores importantes no ataque, como Messi, Lavezzi, Higuaín, Di María e Agüero. A concorrência é difícil. Quando tive minha chance, joguei bem. Tenho agora a oportunidade de jogar bem contra o Brasil. É um desafio.

Quem é melhor: Maradona ou Messi?
Messi. Acho que ele vem fazendo coisas incríveis. O Maradona também foi incrível, mas o Messi é de longe o melhor do mundo hoje. Ele precisa de tempo, tem apenas 24 anos.

Não enfrentar o Messi na final do Mundial de Clubes facilita para o Corinthians? O Chelsea é um adversário mais fraco?
São 11 contra 11 dentro de campo. Tudo pode acontecer. Você precisa ver quem vai acordar bem naquele dia. Se acordar mal, você pode jogar no Barcelona com o Messi que vai perder.            



Jogo contra Corinthians é 'oito ou 80' para o Palmeiras, diz comentarista

Com a conquista da Copa do Brasil deste ano, o Palmeiras conseguiu acabar com um jejum de 12 anos sem títulos nacionais. Mas depois de levantar a tão cobiçada taça, a situação da equipe no Campeonato Brasileiro degringolou. Amargando a penúltima colocação do Campeonato Brasileiro, e consequentemente a zona de rebaixamento, o clube demitiu o técnico Luiz Felipe Scolari. Para piorar, um clássico contra o maior rival neste domingo. Para o comentarista Wagner Vilaron, uma derrota para o Corinthians deixará o Palmeiras muito próximo da 2ª divisão.

- Para o Palmeiras é oito ou 80. Um jogo que por si só já teria repercussão. Quando você coloca o ingrediente da situação do Palmeiras, além de tenso, esse jogo ganha contornos dramáticos. Se perder, o Palmeiras vai ser mergulhado (na crise). Para resgatar a auto-estima, a confiança, será muito complicado. Se vencer, será um alento que o palmeirense precisa para conseguir escapar da zona de rebaixamento - analisou Vilaron no "Arena Sportv".

Luiz Ademar foi além e criticou os jogadores do time alviverde.

- Agora eu quero ver se o Valdivia vai dar ‘chute no vácuo’, se o Henrique vai jogar bola, já que a culpa era do Felipão, agora é a hora de todo mundo jogar bola. Pelo menos você presume que é isso. Mas eu estou achando que o Corinthians ganha e com tranqüilidade – finalizou.

Ainda sem anunciar o substituto para Felipão, o Palmeiras será dirigido no clássico por Narciso, que treina o sub-20 do clube.

Assista a outros vídeos do “Arena Sportv”



'Meigo e sensível', DJ Gobbi revela como Corinthians mudou sua vida

"Preciso acabar logo com isto... Preciso lembrar que eu existo..."

São os versos de Roberto e Erasmo Carlos que recebem Mário Gobbi logo pela manhã na sala da presidência do Corinthians desde fevereiro, quando a vitória na eleição mudou a sua vida.

Não é maneira de dizer. Mudou mesmo. Católico fervoroso, Gobbi tem em sua sala um quadro de Jesus Cristo. Sobre a mesa, imagens de São Jorge, Nossa Senhora de Fátima, Nossa Senhora de Aparecida e São José. Eleito presidente, além das missas aos domingos, passou a frequentar diariamente a igreja de Fátima, próxima à sua casa. Lá, reza por ele, jogadores, comissão técnica, dirigentes, sócios e torcedores do Corinthians.

- Peço sabedoria, humildade e discernimento. Não piso no Corinthians sem ir à Fátima - diz o dirigente, que, quando viaja com a delegação, pede que o segurança encontre a igreja mais próxima ao hotel e repete o ato, porém, acompanhado pelo técnico Tite.

A rotina caseira de Mário Gobbi também mudou. Aos 51 anos, não assiste mais a nenhum programa esportivo na televisão, não lê jornais, não navega na internet... Limita-se a filmes, noticiários gerais e, para fugir das críticas, abandonou até o rádio, paixão tão intensa desde a adolescência, que o levou a sonhar ser DJ.

- Eu queria ser disc-jóquei. Era assim que se chamava na minha época. Sou homem do rádio, amante do rádio, mas me decepcionei tanto com algumas coisas que não ouço mais.

Mosaico, Mario Gobbi (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)Gobbi recebeu a reportagem em sua sala no clube (Fotos: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

O cargo só não alterou a intensa relação de Gobbi com a música. Companheira não só do início do dia, mas também dos melhores momentos de sua história, como na época da Discotheque, quando ensaiava passos de John Travolta para brilhar nos embalos de sábado à noite em Jaú, sua cidade natal, quanto dos piores, quando subia a Avenida Brigadeiro Luiz Antônio, em São Paulo, com lágrimas de saudade da família nos olhos e trechos de "Maria Maria" na ponta da língua: "é preciso ter força, é preciso ter raça...".

Vivi intensamente o Corinthians. E, na época (anos 60), se não dava Palmeiras, dava Santos, ou Botafogo, em nível nacional. As gozações eram as mais terríveis possíveis, mas isso só me fazia ser ainda mais corintiano"

Mário Gobbi

Mário Gobbi Filho recebeu o GLOBOESPORTE.COM e, durante pouco mais de duas horas, revelou toda sua trajetória até chegar à cadeira presidencial do Timão "pelas mãos de Deus". O lado religioso, forte demais, tem grande parcela de responsabilidade do pai, que se formou padre, mas não exerceu. Na verdade, o seminário era uma fuga das dificuldades financeiras.

- Meu avô perdeu tudo na crise de 30, do café, e quem ia ao seminário tinha casa, comida, estudos... Foi uma solução que encontraram na época.

Seu Mário, o pai, não atuou como padre e nem como palmeirense, para sorte do filho. A decepção pelo Palestra Itália passar a se chamar Palmeiras, após decreto durante a Segunda Guerra Mundial que vetava expressões de língua italiana em entidades, fez com que ele torcesse apenas pela seleção brasileira. Portas abertas para o tio Gerson, de quem ele fala com carinho indescritível, que morava em São Paulo e apresentou ao sobrinho dois amores eternos: a capital paulista e o Timão.

Corintiano fanático como o tio, Mário Gobbi passou infância e adolescência perto do time, seja no interior ou nos jogos no Pacaembu, quando frequentava a casa de Gerson.

- Vivi intensamente o Corinthians. E, na época, se não dava Palmeiras, dava Santos, ou Botafogo em nível nacional. As gozações eram as mais terríveis possíveis, mas isso só me fazia ser ainda mais corintiano porque eu cresço muito nas adversidades, me transformo.

Mario Gobbi filho do presidente do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Mário Gobbi tem orgulho de sua religiosidade (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

A cidade de São Paulo também se mostrava atraente demais ao jovem que jogava bolinhas de gude, futebol e rodava pião pelas ruas do interior. Tanto que, mesmo namorando, ele não conseguia esconder o interesse por Alessandra, menina que havia se mudado de Jaú para a capital, mas sempre voltava para passar as férias. Num desses períodos, na saída da missa, ela o convidou para seu aniversário de 18 anos. Mário disse "sim" ao convite, é claro. Anos depois, ambos diriam "sim" no casamento, que dura até hoje.

Quando conseguíamos fazer os passos do Travolta era demais!"

Mário Gobbi

O "sim" a Alessandra colocou a canção "Heaven must be missing an angel", de Tavares, definitivamente na vida do presidente do Corinthians. É a trilha sonora do namoro. Até hoje eles assistem ao DVD com a apresentação do grupo. Mas a música já norteava a vida do garoto que tocava caixa na banda de Jaú e, desde os 15 anos, foi completamente seduzido pelo fenômeno mundial da Discotheque.

Os encontros nas discotecas nos finais de semanas eram sagrados, assim como a presença nos concursos de dança. Gobbi jura que não se arriscava, mas, para ele, o cenário de luzes, corpos e música era como a visão do paraíso.

- Foram os melhores anos da minha vida. E durante a semana nós ensaiávamos na casa de uma amiga porque não podíamos fazer um papelão na discoteca. Quando conseguíamos fazer os passos do Travolta era demais! Eu só fazia o trivial, mas adorava ver as luzes girando e todo mundo dançando. É um visual único, romântico.

mario gobbi filho corinthians presidente entrevista (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Gobbi é filho de palestrino, mas preferiu seguir o tio corintiano (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Visual que se transformou em 1979, ano em que Gobbi se mudou para a casa do tio, em São Paulo, e passou a trabalhar no escritório de advocacia do primo. As luzes da discoteca se transformaram no céu cinzento do trajeto "casa-trabalho-casa-cursinho" percorrido diariamente. Em comum, só a música.

- Eu sentia muita solidão. Andei muito pelas ruas de São Paulo, chorando de saudade dos amigos, pai, mãe, irmã... Subia a Brigadeiro com a música do Milton Nascimento, mas cresci muito. Sempre mergulhei muito nas músicas porque elas levam a Deus.

Cada frase e relato de Mário Gobbi revelam traços de sua personalidade que ele assume com orgulho. Durante a entrevista, o presidente se definiu como dócil, meigo, sensível e romântico. Características que não se perderam nem mesmo depois que ele passou no concurso para se tornar delegado de polícia. Segundo ele, mais uma obra divina. Apenas por um ano ele foi plantonista no 91º Distrito Policial. Não passou por nenhuma situação de risco e aproveitou para fazer trabalho social para curar a frustração de ver miseráveis e não poder fazer nada.

Apaixonado por presidir inquéritos policiais, ele passou a trabalhar na Secretaria da Justiça, levado por Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, advogado de quem até hoje diz ser cria. Mas foi em outro trabalho, na assessoria do diretor-geral do Detran, que o Corinthians deixou de ser uma paixão para se tornar a obrigação de Mário Gobbi. Foi lá que ele conheceu o ex-presidente Wadih Helu, que notou seu interesse e conhecimento da história alvinegra e passou a inseri-lo cada vez mais no clube.

A oposição a Dualib e a pérola na montanha

Mano Menezes e Mário Gobbi Corinthians (Foto: Diego Ribeiro / GLOBOESPORTE.COM)Mano Menezes, 'mentor' de Mário Gobbi no futebol,
em 2010 (Foto: Diego Ribeiro / globoesporte.com)

Em 2000, Gobbi ganhou do amigo José Maria Pereira Rio o título de sócio remido do Corinthians, necessário para se tornar conselheiro vitalício, o que ocorreu dois anos depois e o credenciou a almejar cargos relevantes. Irritado pelo "padrinho" Helu não retirar o apoio ao então presidente Alberto Dualib, Gobbi passou a ser oposição e, ao lado de Andrés Sanches, entre outros, ajudou a criar o grupo que hoje administra o clube.

- O Andrés ganhou a presidência e me chamou para ser diretor de futebol. Eu falei que iríamos ouvir minha esposa, porque num cargo desses você abre mão de uma série de coisas. Se ela não fechar junto, você não consegue. Tomamos um uísque, que ele gosta, fomos jantar e ela disse: "Mário, vai que você vai se dar bem". Resolvi encarar a voz dela como se fosse a voz de Deus.

O meigo Mário Gobbi só tinha um problema nas mãos: não conhecia praticamente nada de futebol. Por isso, segundo ele mesmo conta, passou os primeiros seis meses do cargo calado e teve dois excelentes professores: Antonio Carlos, hoje técnico do Audax, e Mano Menezes, agora na seleção brasileira.

O sucesso na função o levou à presidência. De sócio a principal homem do clube em apenas dez anos, trajetória que ele considera "meteórica" e teve seu auge com o título da Taça Libertadores. Em 2010, na diretoria de futebol, Gobbi discursou aos jogadores, no primeiro dia da pré-temporada, que no ano do centenário havia uma pérola muito rara para ser alcançada sobre a montanha. A pérola era a Libertadores, mas a derrota para o Flamengo nas oitavas de final brecou a escalada. O topo da montanha chegaria em 2012, assim como a comprovação de que o discurso havia marcado o coração dos atletas.

Corinthians campeão da Libertadores (Foto: AFP)Gobbi, de azul, com o Corinthians campeão da
Libertadores: a pérola na montanha (Foto: AFP)

- Como muitos jogadores daquela época continuam no Corinthians, agora quando eu me apresentei como presidente, eles vieram me dizer: "Seu Mário, vamos buscar aquela pérola". E para o Mundial eu já estou pensando em passar alguma mensagem a eles. Acho muito importante lidar com esse lado emocional - revelou.

Mário administra o futebol corintiano baseado na "política de prevenção". O volante Paulinho é o exemplo mais claro. Preparado para substituir Elias, é notório que ele não deverá ficar muito tempo no futebol brasileiro. Por isso, o presidente já buscou Guilherme na Portuguesa. Seu lema é não fazer mais de uma alteração por posição no grupo de uma competição para a outra.

Posso te garantir que nem se eu reencarnasse mais 100 mil vezes, voltarei a ser presidente do Corinthians"

Mário Gobbi

Sua grande preocupação na função é a parte de gestão. Segundo ele, apesar dos avanços obtidos no mandato de Andrés Sanches, ainda há muita coisa para melhorar. A atenção aos esportes olímpicos e ao maior equilíbrio entre receitas e despesas, além do novo estatuto, são exemplos de modificações consideradas necessárias.

Fato é que, depois do início de 2015, quando terminar o mandato à frente do Corinthians, Mário Gobbi não tem mais pretensões políticas. Vai retirar seus pertences da ampla sala. Entre eles, uma carta escrita pela mãe, Marlene, ao tio Gerson em janeiro de 1979, quando o filho se mudou para São Paulo. Palavras emocionadas de uma mãe preocupada, mas esperançosa no futuro de seu tesouro: "O meu coração de mãe diz que tudo dará certo. E toda mãe conhece o filho que tem, suas virtudes, seus defeitos. E eu boto uma fé danada nele", diz trecho da correspondência que está enquadrada na parede.

Encerrado o mandato, Gobbi voltará para sua casa, colocará a mochila no banco de trás do carro e sairá em viagem com Alessandra. Vai aproveitar a vida, obssessão tão grande que levou o casal a optar por não ter filhos. Para eles, uma criança exigiria uma criação com regalias e atenção que acabaria os impedindo de curtir a boa vida.

Católico, mas respeitoso a todas as religiões, Mário admite que poderá ter, na próxima encarnação, a missão de ser pai. Mas também usa o espiritismo para mostrar o fardo que é comandar um dos maiores clubes do país:

- Posso te garantir que nem se eu reencarnasse mais 100 mil vezes, voltarei a ser presidente do Corinthians (risos).

Mario Gobbi filho do presidente do Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Mario Gobbi admite: ainda há muito a se fazer no Corinthians (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)



Dois dias x dois anos: Verdão do novato Narciso encara Timão de Tite

Até a última quinta-feira, Luiz Felipe Scolari era o técnico na elite nacional que comandava seu clube há mais tempo. A demissão do treinador mudou totalmente o panorama do clássico contra o Corinthians, neste domingo, às 16h (horário de Brasília), no Pacaembu. Em crise, o Verdão entra em campo com o técnico mais “recente” da Série A, Narciso, que deixou a equipe sub-20 e conheceu o elenco profissional há dois dias. Por outro lado, o descompromissado Timão passou a ter o técnico mais longevo da elite do futebol brasileiro: Tite, há um ano e 11 meses no cargo.

Felipão foi demitido depois da série de maus resultados – o último deles, a derrota por 3 a 1 para o Vasco. Por isso, Narciso foi chamado às pressas para “quebrar o galho”, enquanto a diretoria procura um novo comandante. Foram apenas dois dias de trabalho. Bem diferente de Tite, atual campeão brasileiro e da Taça Libertadores. O corintiano foi contratado em outubro de 2010, venceu crises e foi premiado com títulos.

Montagem, Narciso e Tite (Foto: Editoria de Arte / Globoesporte.com)Narciso, no Palmeiras, encara o Corinthians de Tite (Montagem: Editoria de Arte / Globoesporte.com)

No Pacaembu, o Palmeiras enfrenta o Corinthians e a si mesmo. Depois de dias conturbados na Academia de Futebol, a missão do novato Narciso é amenizar o ambiente e tentar alguma novidade tática e técnica, algo que Felipão já não conseguia mais fazer. Com 20 pontos em 24 rodadas, o Verdão está afundado na zona de rebaixamento e precisa urgentemente vencer o clássico para tentar alcançar seus adversários mais próximos na tabela: Figueirense, Sport, Flamengo, Bahia...

Enquanto o Mundial não chega, o Corinthians tenta encontrar objetivos para levar o Brasileirão a sério. Tite e a comissão técnica traçaram um plano de atingir 45 pontos e não correr mais riscos de cair. Com o empate diante da Ponte Preta, o Timão chegou a 32 e perdeu boa chance de subir na classificação. O discurso entre dirigentes e jogadores está ensaiado: ninguém fala sobre o desejo de afundar o rival rumo à Série B, mas uma vitória no clássico deixaria o atual campeão da Libertadores ainda mais em alta.  

Marcelo Aparecido de Souza (SP) apita a partida. Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa-SP) e Rogério Pablos Zanardo (SP) são os auxiliares. O Premiere Futebol Clube transmite a partida para todo o Brasil, e você acompanha também, em Tempo Real com vídeos, no GLOBOESPORTE.COM. 

header as escalações 2

Palmeiras: com o provável retorno de Marcos Assunção, Narciso tem mais opções para armar a equipe. O capitão palmeirense deve integrar um meio-campo mais cauteloso, com Henrique e João Vitor auxiliando na marcação. Dessa forma, Tiago Real começaria o duelo no banco de reservas. Na lateral direita, Artur foi sacado e deu lugar a Correa. A provável escalação é a seguinte: Bruno, Correa, Maurício Ramos, Thiago Heleno e Juninho; Henrique, Marcos Assunção, João Vitor e Valdivia; Luan e Barcos. 

Corinthians: o técnico Tite vem sofrendo nas últimas rodadas para repetir formação. Desta vez, as novidades são as entradas do lateral-direito Guilherme Andrade e do zagueiro Wallace na defesa. No meio, Ralf volta de suspensão, enquanto Paulinho está recuperado de dores na coxa direita. Já no ataque, Martinez ganha nova chance. A equipe começa o jogo com: Cássio, Guilherme Andrade, Wallace, Paulo André e Fábio Santos; Ralf, Paulinho, Douglas e Danilo; Romarinho e Martinez. 
quem esta fora (Foto: arte esporte)

Palmeiras: Fernandinho e Wesley, ambos com lesões no ligamento cruzado anterior no joelho. O primeiro só volta em 2013, mas o segundo pode retornar ainda neste ano. 

Corinthians: o zagueiro Chicão passou por uma cirurgia para a retirada de uma hérnia inguinal, enquanto o meia Ramírez tem uma lesão na coxa esquerda e o centroavante Paolo Guerrero torceu o tornozelo esquerdo. O lateral-direito Alessandro está suspenso pelo terceiro cartão amarelo. E o atacante Emerson Sheik foi suspenso pelo STJD.

header pendurados (Foto: ArteEsporte)

Palmeiras: Artur, Daniel Carvalho, Luan, Márcio Araújo, Obina e Wellington. 

Corinthians: Danilo, Fábio Santos, Guilherme e Ramírez.

header o árbitro (Foto: ArteEsporte)

Marcelo Aparecido de Souza (SP) apita a partida, auxiliado por Marcelo Carvalho Van Gasse (Fifa/SP) e Rogério Pablos Zanardo (SP). Marcelo Aparecido arbitrou cinco jogos no Brasileirão, marcou 179 faltas (média de 35,8 por jogo), aplicou 30 amarelos (média de 6 por jogo), três vermelhos (média de 0,6 por jogo) e um pênalti (média de 0,2 por jogo). O campeonato tem média de 4,9 amarelos, 0,28 vermelho, 36,5 faltas e 0,21 pênalti. O árbitro apitou um jogo do Verdão na Série A deste ano: Ponte Preta 1 x 0 Palmeiras, pela oitava rodada. 

header fique de olho 2
Palmeiras:
capitão, garçom e líder em campo, Marcos Assunção volta depois de oito jogos fora – sete pelo Brasileiro e um pela Sul-Americana. Referência nas bolas paradas, ele devolve ao time um de seus principais trunfos, que fez muita falta nos últimos jogos 

Corinthians: Romarinho era um desconhecido para a Fiel até o clássico do primeiro turno. Sem tomar conhecimento do principal rival do Timão, o ex-jogador do Bragantino fez os dois gols da equipe na vitória por 2 a 1, credenciando-se para uma vaga no banco de reservas no primeiro jogo da decisão da Libertadores contra o Boca, na Bombonera. O final todos já sabem: Romarinho entrou e fez o gol de empate com os argentinos.

header o que eles disseram

Narciso, técnico do Palmeiras:Não posso colocar minha cara no time em apenas dois dias de trabalho. Vou trabalhar na base do diálogo, tentando motivar, acertar algumas coisas. Mas esse time ainda tem total cara do Felipão.

Tite, técnico do Corinthians: "É um jogo que tem sua grandeza pela história, talvez o maior clássico de São Paulo. Palmeiras e Corinthians têm feito grandes clássicos, quis o destino que em momentos cruciais. Se tivesse perdido aquele jogo depois do Tolima-COL acho que eu não estaria aqui. Se tivesse perdido na última rodada do Brasileiro do ano passado poderíamos ficar sem o título. São jogos sempre com caráter decisivo." 

header números e curiosidades

* Quem tem vantagem? Confira o histórico do confronto na Futpédia.

* A última vitória palmeirense no clássico foi pelo primeiro turno do Brasileirão 2011, vencendo de virada por 2 a 1, em Presidente Prudente. Emerson marcou para o Timão, Luan e Fernandão para o Verdão. Pelo segundo turno do Brasileirão 2011, Corinthians e Palmeiras empataram sem gols no Pacaembu, resultado que deu o título brasileiro ao Timão.

* No Pacaembu, a última vitória do Palmeiras sobre o Corinthians aconteceu no dia 17 de setembro de 1995, quando venceu por 2 a 0, gols de Müller e Antônio Carlos em partida válida pelo Campeonato Brasileiro. Nas últimas dez vezes que este clássico foi realizado no Pacaembu, o Timão venceu sete vezes, com três empates.

* Empate é o resultado mais comum nos jogos entre Corinthians e Palmeiras pelo Campeonato Brasileiro. Das 40 partidas realizadas por esta competição, 15 terminaram sem vencedor. Sete dos 15 empates foram sem abertura de contagem, o último deles em 1991.

* As maiores goleadas do confronto entre Palmeiras e Corinthians, dentro do Campeonato Brasileiro, foram conseguidas pelo Verdão. Em duas oportunidades, o Palmeiras derrotou o rival por 4 a 1, em 94 e 99, e em 2004, por 4 a 0. Já maior vitória corintiana foi no Brasileiro 2001, quando venceu por 4 a 2.

* Em toda a história, Palmeiras e Corinthians já se enfrentaram 341 vezes, com vantagem palmeirense de três vitórias. O Verdão venceu 121 vezes, contra 118 vitórias corintianas e 102 empates, 497 gols do Palmeiras e 456 do Corinthians.

* A rivalidade entre Palmeiras e Corinthians completou 95 anos em 2012. O primeiro confronto aconteceu no Parque Antártica, dia 6 de maio de 1917, pelo Campeonato Paulista, e terminou com vitória do então Palestra Itália por 3 a 0, com três gols de Caetano.     

header último confronto v2

Palmeiras e Corinthians se enfrentaram pela última vez no dia 24 de junho, no Pacaembu, pelo primeiro turno do Campeonato Brasileiro. Mazinho abriu o placar para o Verdão logo no início, mas os reservas do Timão viraram para 2 a 1. Destaque para a grande exibição de Romarinho. Na primeira partida como titular, o atacante marcou dois belos gols e comandou o triunfo alvinegro em meio à Libertadores. 



Veja os resultados de sábado das Séries A, B, C e D e quatro estaduais

15/09/2012 22h54 - Atualizado em 15/09/2012 22h54

Por GLOBOESPORTE.COM Rio de Janeiro

  • imprimir
  • entre em contato

Seu voto foi efetuado com sucesso

Seja o primeiro a comentar


Imagem do usuário