terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Ralf sonha repetir filme de 2012: gol na estreia e título da Libertadores

Ralf no treino do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)Ralf espera repetir estreia do ano passado
(Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

O volante Ralf não é de marcar muitos gols, mas tem motivos para se animar com a partida desta quarta-feira contra o San José, às 22h (horário de Brasília), em Oruro, na Bolívia. Às vésperas da estreia na Taça Libertadores, em que o Corinthians busca o bicampeonato, Ralf espera reviver o momento salvador que teve na mesma situação em 2012 – na estreia do ano passado, o volante livrou o Timão da derrota contra o Deportivo Táchira, na Venezuela, com uma cabeçada certeira nos minutos finais.

O empate por 1 a 1 e deu início a uma campanha que culminou em título invicto. Ralf marcou o primeiro gol da caminhada que rendeu a conquista inédita para o Corinthians. Sem superstições, mas cheio de boas lembranças, ele espera repetir a dose diante do San José.

- Sonhar eu sempre sonho (com gol), mas está difícil de isso se tornar realidade. Faz tempo que não faço um golzinho... Mas, se sobrar uma bola, quero finalizar bem e ajudar o time. Mesmo assim, sei que o principal é ajudar a compor o sistema defensivo – disse Ralf.

O último gol do volante foi há seis meses, em setembro do ano passado, na vitória por 3 a 1 sobre o Grêmio, no Pacaembu. O jogo era válido pelo Campeonato Brasileiro. No total, Ralf tem apenas cinco gols em 177 partidas com a camisa alvinegra. Nada que o faça ficar chateado. Afinal, ele é tão pé-quente que o Corinthians nunca perdeu quando o volante marcou - foram quatro vitórias e um empate.

- Minha parte é mais defender mesmo. Claro que tenho uma cobrança minha de fazer um gol de vez em quando para ajudar os companheiros. Se estrearmos com mais um golzinho meu, vou ficar muito feliz – admitiu o volante.

O Timão treina na noite desta terça-feira em Cochabamba, a pouco mais de 2.500m do nível do mar. O jogo em Oruro tem desafio bem maior – a cidade tem altitude de mais de 3.700m. Ralf diz que nunca atuou em ambiente tão desfavorável, mas espera superar as dificuldades sem maiores problemas.

- Sempre estamos preparados, mas só vamos saber a real dificuldade da altitude na hora do aquecimento e do jogo. Acho que não chega a ser um grande problema, espero que possamos manter nosso ritmo, pelo menos, em 80% ou 90% da partida – analisou o jogador.

Todos os gols de Ralf pelo Timão

16/5/2010 - Grêmio 1 x 2 Corinthians - Campeonato Brasileiro
30/11/2010 - Corinthians 4 x 2 Santos - Campeonato Brasileiro
6/7/2011 - Corinthians 2 x 1 Vasco - Campeonato Brasileiro
15/2/2012 - Deportivo Táchira 1 x 1 Corinthians - Taça Libertadores
8/9/2012 - Corinthians 3 x 1 Grêmio - Campeonato Brasileiro

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Adriano não consegue gerenciar sua vida, revela ex-empresário

O caso Pistorius chocou o mundo do esporte. O fato do corredor paralímpico ter confessado atirar na namorada alegando que a teria confundido com um invasor gerou um debate sobre o comportamento dos ídolos que surgem no esporte. Para o ex-jogador Gilmar Rinaldi a fama pode alterar a personalidade de um atleta, principalmente no caso do futebol. Ex-empresário de Adriano, Gilmar revela que o jogador, que passou por fases conturbadas em sua carreira, não teve um acompanhamento psicológico adequado e não consegue gerenciar sua vida (assista ao vídeo).

- O Adriano teve uma fase fantástica de aprendizado, amadurecimento, é uma pessoa maravilhosa, mas ele acaba não conseguindo gerenciar sua própria vida. Não sei se ele realmente sabe o que quer, porque se você perguntar para ele se ele queria ir à Copa do Mundo, acho que ele teria dúvidas, acho que ele não quis ir. Tínhamos uma relação quase de pai e filho e eu tinha a obrigação de falar isso para ele, mas a aceitação é que muda, na época ele me ouvia muito, depois ouvia menos. Meu relacionamento com o Adriano e com a família dele era muito franco e direto, sempre dei minha opinião e não gosto muito de rodeios e é claro que eu sou chato por isso, então, muitas vezes ele se incomoda. O ídolo tem que saber dizer não para que as coisas tenham um equilíbrio - revelou.

Adriano se despedindo do Flamengo (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)Adriano rescindiu o contrato com o Flamengo e se afastou do futebol (Foto: Cezar Loureiro / Agência O Globo)

Gilmar ainda lembra que sempre foi favorável que seu atleta tivesse um acompanhamento com um psicólogo, porém o erro foi no perfil do médico escolhido pelo clube em que Adriano atuava na época, o Internazionale.

- Ele chegou a ter algumas consultas com um médico indicado pelo Inter, que fiz questão de conhecer. Percebi que o clube errou ao escolher um médico com o perfil totalmente errado, ele era estranho ao meio do futebol. Quando ele veio para o São Paulo, uma das condições que eu coloquei para ele e para a mãe dele era que fizesse um acompanhamento psiquiátrico. Ele teve uns dois ou três meses fantásticos.

Por experiência própria, Gilmar afirma que os clubes deveriam incorporar o acompanhamento psicológico ao departamento médico. Segundo ele, essa é a melhor forma dos times criarem novos ídolos no Brasil, com o apoio de profissionais qualificados.

- Você apontar um psicólogo para um jogador é uma maldade, opinião de um ex-jogador que viveu o vestiário, porque você apontou o louquinho da turma. Você tem que inserir isso como uma coisa natural, porque se não o psicólogo vai ser rejeitado. Para isso, tem que ter a habilidade da direção de contratar uma pessoa que não seja estranha a esse mundo do futebol, que tenha essa linguagem, que saiba entender um pouco. Se não, você vai colocar um estranho no ninho e vai fazer o efeito contrário.

gilmar rinaldi twitter adriano (Foto: Reprodução/Twitter)Gilmar Rinaldi ao lado da mãe e da avó de Adriano
(Foto: Reprodução/Twitter)

Adriano nasceu e foi criado na Vila Cruzeiro, uma das favelas mais perigosas do Rio de Janeiro. Desde que surgiu, em 2000, seu vigor físico e força chamaram a atenção e o atacante logo fez fama internacional. Na Itália, o jogador ficou conhecido como "O Imperador", em alusão ao imperador romano Adriano, e conquistou títulos importantes pelo Inter de Milão. Entretanto, logo após o falecimento de seu pai, a carreira do jogador começou a declinar. Adriano se atrasava constantemente para os treinamentos e muitas vezes nem se apresentava. Para Gilmar, foi nessa época que o clube italiano pecou e as coisas começaram a piorar.

- Tive uma conversa com o presidente da Inter porque eles estavam acabando com meu trabalho. Tudo que eu falava não, eles diziam sim, como nas reapresentações. Estava tudo armado para ele chegar na hora, faltando três horas para o voo, ele ligava para o presidente e negociava uma nova data. O jogador sabe qual é o limite dele, quando esse limite é quebrado sucessivamente quer dizer que ele não tem mais limite.

Em 2009, Adriano declarou que pretendia parar de jogar por um tempo indeterminado, pois tinha perdido a alegria de jogar futebol. Porém ele foi contratado pelo Flamengo e conquistou o título do Brasileirão daquele ano. Os problemas pessoais persistiam, a falta de cuidados com a condição física, também. O jogador eventualmente admitiu sofrer de constantes problemas devido ao alcoolismo, um suposto envolvimento com um traficante de drogas e uma polêmica onde uma mulher foi baleada na mão dentro de seu carro. Atualmente sem clube, o jogador tenta se manter longe de confusão.

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Sócrates recebe homenagens pelos 59 anos que completaria nesta 3ª feira

socrates livro corinthians (Foto: Divulgação)Sócrates era pai de seis filhos (Foto: Divulgação)

O ex-jogador Sócrates foi homenageado nesta terça-feira, 19 de fevereiro de 2013, data em que ele comemoraria 59 anos de idade.

Principal ídolo da torcida Botafogo-SP e um dos maiores craques que passaram pelo Corinthians, o 'Doutor' morreu na madrugada do dia 4 de dezembro de 2011, justamente na data em que seu time do coração comemoraria, horas depois, o pentacampeonato brasileiro.

Por meio das redes sociais, o Botafogo-SP, clube que o revelou, deixou uma mensagem e postou uma foto da carteirinha de identificação da Federação Paulista de Futebol de 1972.

- Nossa lembrança do Doutor é eterna! Onde quer que esteja, nosso desejo de feliz aniversário!

Botafogo-SP faz homenagem a Sócrates (Foto: Divulgação/Ag. Botafogo)Na carteirinha, é possível observar a data de nascimento 19-2-1954 (Foto: Divulgação/Ag. Botafogo)

Quem também fez questão de homenageá-lo foi o meia Paulinho, que está na Bolívia, concentrado para a partida contra o San José, que ocorre nesta quarta-feira, em Oruro, às 22h (horário de Brasília), válida pela primeira rodada da Libertadores.

- Ídolo de todo corintiano! Eterno Doutor Sócrates!!! O futebol sente sua falta - escreveu o jogador, que anexou uma nota do site oficial do Corinthians. O time de Parque São Jorge trouxe um breve histórico do jogador, destacando as conquistas e a importância de Sócrates para a história do clube.

Paulinho faz homenagem ao 'aniversário' de Sócrates (Foto: Divulgação/Facebook)Paulinho faz homenagem ao 'aniversário' de
Sócrates (Foto: Divulgação/Facebook)

Foram seis anos de Corinthians, sendo 298 jogos disputados e 172 gols. Sócrates foi tricampeão paulista, em 1979, 1982 e 1983 e, em 1984, foi transferido para a Fiorentina.

- Enquanto a Ditadura governava o Brasil com um punho de ferro, Sócrates levantava seu punho direito pela liberdade e participava ativamente da Democracia Corinthiana. Com o lema “Ganhar ou perder, mas sempre com democracia”, o movimento buscou a abertura política, descentralização do poder e a modernização da administração no Parque São Jorge. Naquele memorável Corinthians de Doutor, Casagrande, Zenon, Biro-Biro, Zé Maria, Wladimir e cia., todos tinham o direito de opinar nas decisões internas e o voto de cada um, independentemente do cargo, possuía o mesmo valor - relembrou o site.

Além de Botafogo-SP, Corinthians e Fiorentina, Sócrates passou por Flamengo e Santos, e encerrou carreira no time de Ribeirão Preto, em 1989.



Timão encara maior altitude de sua história na Libertadores

Edu corinthians (Foto: Diogo Venturelli / Globoesporte.com)Edu disputou a Libertadores de 1999 pelo Timão
(Foto: Diogo Venturelli / Globoesporte.com)

Atual campeão da América, o Corinthians estreia na Taça Libertadores deste ano com um fator favorável: o retrospecto. A equipe entra em campo contra o San José, no estádio Jesús Bermúdez, em Oruro, na quarta-feira, às 22h (horário de Brasília), sem nunca ter perdido para bolivianos no torneio. Em quatro confrontos, com Jorge Wilstermann (1999) e The Strongest (2003), foram três vitórias e um empate. Nem mesmo o peso da estreia costuma incomodar os alvinegros: nas 10 participações, em apenas duas oportunidades o Timão saiu derrotado logo em seu primeiro jogo.

O debute contra bolivianos, em 1999, foi pelas oitavas de final da Libertadores. Após dividir um equilibrado grupo com o arquirrival Palmeiras e os paraguaios Cerro Porteño e Olimpia, o Timão viajou a Cochabamba, onde está atualmente concentrado para a partida contra o San José, para enfrentar o Jorge Wilstermann. Após sair atrás no placar, o Corinthians arrancou o empate em um gol histórico de Marcelinho Carioca: chute quase do meio-campo, bola no ângulo.

No estádio do Pacaembu, a história foi diferente. Os donos da casa fizeram 5 a 2 e avançaram: gols de Dinei (2), Nenê (2) e Edilson. A história, porém, acabaria logo na fase seguinte, contra o arquirrival Palmeiras. À época, o atual gerente de futebol do Corinthians, Edu Gaspar, fazia parte do elenco que disputava a Libertadores.

O Timão só voltaria a encontrar um time boliviano sete anos depois, ainda na fase de grupos da competição continental. O primeiro duelo com o The Strongest foi no Pacaembu – goleada por 4 a 1 a favor dos alvinegros, com gols de Rogério, Anderson, Jorge Wagner e Liedson. Em La Paz, mais um triunfo – 2 a 0, Liedson e Leandro marcaram.

A maior preocupação da comissão técnica, desta vez, é altitude. Oruro, a terceira cidade boliviana que o Timão visitará em sua história na Taça Libertadores, é a que está mais metros acima do nível do mar – cerca de 3.700m.

Para o San José, anfitrião da vez, enfrentar equipes brasileiras pela competição continental não é novidade: o time já pegou São Paulo e Criciúma, em 1992, e o Santos, em 2008 – última participação dos bolivianos no torneio. O único que não conseguiu levar a melhor em Oruro foi o time da Baixada, perdendo por 2 a 1. Tricolores e catarinenses ignoraram a altitude e venceram por 3 a 0 e 2 a 1, respectivamente.

Campeão invicto da Libertadores no ano passado, o Corinthians acumulou oito vitórias e seis empates. Na primeira fase, ficou na igualdade fora de casa com Deportivo Táchira, da Venezuela, e Cruz Azul, do México, e venceu o Nacional, do Paraguai. Já no mata-mata, de quatro confrontos longe dos seus domínios, o Timão empatou três (Emelec, Vasco e Boca Juniors) e venceu um (Santos).

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Dinheiro, fama e mudança de hábito: profissionais apontam falhas na base

mattheus adryan seleção brasileira sub-20 (Foto: Alexandre Durão/Globoesporte.com)Companheiros de Fla, Adryan e Mattheus treinam
com a seleção (Foto: Alexandre Durão)

Em meio à disputa do Sul-Americano sub-20, na Argentina, Mattheus é solicitado para dar entrevistas. Insatisfeito por ser sempre lembrado como “filho de Bebeto”, ele avisa - via assessoria de imprensa - que não falaria com jornalistas brasileiros e estrangeiros caso continuasse tendo seu nome vinculado ao do pai. Rafinha, do Barcelona, também não gostava de ser comparado com o pai Mazinho, companheiro de Bebeto na conquista da Copa de 1994 com a Seleção.

Em Minas Gerais, Leleu é convocado para treinar com os profissionais, ainda em 2012. Aproveita a oportunidade e aparece com novo penteado, pintando o cabelo de loiro. A comissão técnica dá um puxão de orelha, e o jogador retorna à atividade da tarde com um corte mais discreto. O brinco, porém, não sai da orelha.

Um dos destaques do Santos na Copa São Paulo de Futebol Júnior deste ano, Neilton costuma valorizar o visual, muito parecido com o de Neymar. O mesmo faz Gabigol, que garante ter um moicano mais bonito que o do craque santista.

Os exemplos são apenas alguns da atual geração sub-20, que cada vez mais cedo ganha espaço entre os profissionais e destaque na mídia, aumentando sua remuneração e o faturamento dos clubes com venda para o exterior. A eliminação precoce da seleção no Sul-Americano da categoria - não conseguindo ficar entre os três primeiros em um grupo de cinco - fez surgirem críticas e dúvidas sobre o comportamento dos atletas. A primeira partiu do próprio técnico Émerson Ávila, que afirmou:

- O jogador hoje em dia tem muito poder no futebol. Talvez isso aconteça por concessões que o clube acaba fazendo.

Diante deste cenário, o GLOBOESPORTE.COM ouviu jogadores, técnicos, dirigentes, psicólogos e empresários e visitou treinos dos juniores dos quatro principais times do Rio de Janeiro, além de ouvir histórias e depoimentos em outros clubes grandes do país. Jogadores se defendem, treinadores apontam falhas em certas posturas, empresários tentam evitar jovens problemáticos e psicólogos procuram estudar até a estrutura familiar para traçar metas e evitar deslizes no meio do caminho. A ascensão meteórica e o crescimento socioeconômico parecem ter mudado o comportamento dos jogadores na base. E será que estão tomando o cuidado devido com eles?

Dunga técnico Inter (Foto: Tomás Hammes / GLOBOESPORTE.COM)Dunga, técnico Inter, faz críticas à base
(Foto: Tomás Hammes / GLOBOESPORTE.COM)

- Eu acho que tem que trabalhar mais a cabeça de quem os comanda. É muito fácil colocar a responsabilidade em cima dos moleques. Tem que cobrar de quem os comanda, quem dá regalias, quem dá esses salários, quem cobra deles. Depois que dá errado, é muito fácil dizer que o menino está errado. É que nem um filho. Se você não educá-lo, depois não adianta dizer que ele está errado. Essa é uma das minhas broncas no Inter - disse Dunga, ex-treinador da Seleção e atual comandante do Colorado.

O Flamengo forneceu um exemplo de comportamento de jovens da base e de quem os comanda. No fim de um treino no Ninho do Urubu, em uma conversa entre juniores e recém-promovidos aos profissionais, Rodolfo conta que, ao chegar de carro, o porteiro perguntou a ele e a Rafinha se eram atletas - procedimento para a identificação de quem entra e sai do CT. Rafinha, sorrindo, complementa que fechou o vidro da janela do carro e seguiu.

Os dois receberam de volta gargalhadas e a frase de um dos integrantes da comissão técnica da base: “Ele não vê jornal?”. O episódio foi dias antes da vitória por 4 a 2 sobre o Vasco, partida em que Rafinha de fato se destacou.

- Nesse dia nós chegamos e demos bom-dia. Aí, ele (o porteiro) nos deu a plaquinha (do estacionamento) e perguntou se éramos atletas. Nós rimos e fomos embora. Passamos todo dia por ele, e via nossa cara. Com certeza éramos atleta - contou Rodolfo. 

A psicóloga dos juniores do Botafogo, Michele Melhem, não citou casos específicos, mas explicou como agir no convívio diário ao ser questionada sobre o excesso de brincadeiras das comissões técnicas com os jogadores na base.

- É importante não perder a interação, a relação de brincadeira, ainda mais nos juniores, porque consideramos que eles não estão prontos. Mas é extremamente pertinente o que está dizendo, tem que saber a hora de dar a bronca, ser mais duro, falar com seriedade. Mas a brincadeira existe até no profissional, como um estilo para formar um espírito coletivo de grupo.

13_02_Info_DEPOIMENTOS_BRANCO (Foto: Infoesporte)

Brincadeiras à parte, os jogadores fogem do discurso comum e monossilábico quando o assunto é o vai e volta da base. Quem tem a possibilidade de treinar no time de cima costuma reclamar ao ter de retornar.

- O que atrapalha mesmo é o psicológico do jogador. A gente almeja aquilo desde cedo, e, quando chega lá, tem que descer... O pessoal desce até um pouco desanimado, porque quer ficar lá (no profissional) para sempre - contou o lateral-direito Igor Julião, de 18 anos, que atua no Fluminense e evita o estilo boleirão de se vestir.

O contato com ídolos é acrescido ao deslumbramento com a nova vida. E os treinadores creem que isso foge do controle, acreditando que pode existir certo descompromisso com a base.

- Às vezes eles pensam que viraram jogadores (profissionais). Vemos acontecer essa falta de compromisso, ou com clube ou com a seleção sub-20, o que nos deixa chateados. Aqui no Fluminense tentamos interferir no processo. Não é fácil, tem muita coisa de fora que interfere. É uma briga de cachorro grande. Nós queremos puxar para um lado e muita coisa puxa para outro - opina Marcelo Veiga, técnico dos juniores do Fluminense.

Ideia parecida tem Cleber dos Santos, treinador do Flamengo.

- Os jogadores estão sendo aproveitados muito precocemente. Uma cobrança muito grande para os jogadores de 15 a 17 anos, de apresentarem um rendimento de profissionais. E essa cobrança pelo rendimento também altera o comportamento. Eles veem como espelho os jogadores do profissional, que têm um comportamento diferente dos da base pelo salário, pelo local onde moram, pelo status social. Então esses jogadores, quando começam a ter esse tipo de cobrança, se acham no direito de se comportarem da mesma maneira que os profissionais. Vejo que isso é uma bola de neve. Pela cobrança, pelo espelho nos jogadores do profissional, que têm muitas regalias... Os jogadores da base veem isso como uma forma natural, como tem acontecido ultimamente - disse.

A possibilidade de maior remuneração é demonstrada de diversas maneiras no mundo das categorias de base. Em um treino do Vasco, um funcionário avisava que teria de conversar com Jhon Cley - que trabalhava com os juniores após um período entre os profissionais. E ouve de outro jogador, em tom de brincadeira: “Já vai sufocar”, uma maneira de dizer que faria um pedido de ordem financeira. No Flamengo, houve episódio semelhante: um funcionário aproximou-se da lateral e brincou com um atleta: “Quando estiver lá (no profissional), vai me dar um carro de presente”.

Muito dinheiro

Então entra o dinheiro. Nos juniores, os atletas recebem em média de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Em casos extremos de promessas com potencial, os salários podem alcançar valores próximos de alguns profissionais. Isso faz com que se tornem comuns, em treinos dos jovens, tênis extravagantes e chuteiras com cores chamativas - geralmente cedidos por fornecedores de material com quem eles já têm contrato ou oferecidos pelos empresários - além de celulares de última geração e cordões de ouro. E às vezes o comportamento sai dos treinos e vai para as redes sociais.

Renan, apelidado de Panterinha por ser filho do ex-atleta Donizete Pantera, postou no Twitter que havia gastado R$ 1.800 em uma boate. Cobrado por alguns torcedores na rede social, o meia do Flamengo respondeu com um novo post: “Não sou nenhum Adriano da vida, não! Não sei nem o que é esse dinheiro. Era só zoação. Quem me dera ter 1.800”.

Twitter do Panterinha, filho do Donizete Pantera Adriano (Foto: Reprodução / Twitter)Panterinha diz que declaração no Twitter foi brincadeira e cita Adriano (Foto: Reprodução / Twitter)

Atual treinador da base do Botafogo, Anthony Santoro faz uma comparação com duas promessas do Fluminense da época em que trabalhou por lá.

- O Lenny uma vez chegou a um treino com um Audi, um carrão. Foi lá nos ver em Xerém. Ele não vinha de um momento bom no profissional. Veio com a calça camuflada, cheio de cordão, óculos de dar inveja em mulher. Falei que era o momento de passar despercebido. Disse: “O momento não está bom para você. Chega mais tranquilo, reservado, para não virar o holofote para você”. Ele só ouviu. No dia seguinte, chegou o Marcelo, com um Peugeot 206, bermudinha tranquila. Ele quase saindo para o Real Madrid, e o Lenny em um momento ruim, os dois no profissional. O Marcelo mais tranquilo, reservado, e decolou. O Lenny até hoje não conseguiu - conta Anthony Santoro, que também trabalhou no Flamengo e citou Bruno Paulo como exemplo de jogador que se deslumbrou com dinheiro.

Vilão ou não?

Info_DEPOIMENTOS_MAUROGALVAO (Foto: Infoesporte)

Quem trabalha com a base costuma reclamar da ação de empresários. Técnico do Flamengo, Cleber dos Santos diz que os jovens ganham mimos dos agentes - às vezes para criar um vínculo - e perdem contato com a realidade deles. Narciso, treinador do Palmeiras, cita o empresário que faz a vontade dos clientes:

- O jogador não tem muito compromisso de brigar pela posição. Deveria se desdobrar e provar que tem o mesmo nível do que está jogando. Mas ele fala com o empresário, que o tira do clube e o coloca em outro.

Os empresários de renome se defendem e garantem que têm diminuído a ação nas categorias de base. Segundo eles, o mercado está aquecido para quem acabou de entrar no ramo e oferece ajuda de custo, bens materiais e pertences para cativar os meninos e criar um vínculo afetivo que os garanta vantagem em futuras negociações de contrato.

- Estamos investindo pouco na base. Os empresários em geral procuram pagar uma ajuda de custo. Mas é trabalhoso. Eu não tenho muito jogador na base. Mas investimos. O grande problema são os treinadores da base. Se tivessem nível de cultura melhor para trabalhar, ajudaria muito. São geralmente ex-jogadores, que têm o mesmo vício que tinham quando eram jogadores. Os clubes deveriam ter um trabalho melhor. Deveria haver um curso para os treinadores da base - disse Léo Rabello, que tem entre seus jogadores Thiago Neves, do Flu, e Bernardo, do Vasco.

Hábitos diferentes

Alguns jogadores tentam fugir de um comportamento que chame a atenção. Filho de médico, Carlos Daniel, de 18 anos, deixou Manaus para se dedicar ao futebol e divide treinos do Botafogo com a leitura e estudos. Aprovado na primeira fase de medicina na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), não conseguiu fazer a segunda etapa por causa de um compromisso pelos juniores.

- Brinco, cordão, não gosto muito. Procuro sempre estar na minha, para não puxar a responsabilidade para mim. Uma responsabilidade que talvez ainda não seja minha. Mesmo quando estiver na mídia, na fama, vou procurar ser o mais simples possível. Além de jogar futebol, procuro ser bom no estudo também. Meu pai é médico e me incentiva muito para estudar, para ler - contou.

carlos eduardo botafogo base (Foto: Diego Ribeiro)Carlos Daniel foi aprovado em medicina e foge do
estilo boleirão (Foto: Diego Rodrigues)

O pilar da família, aliás, é um dos principais pontos observados por psicólogos.

- A base familiar faz o atleta se diferenciar nos seus comportamentos, tanto de disciplina quanto de gerenciamento de carreira. O que não significa questão econômica. Estou falando de base familiar, sistema afetivo, emocional, de apoio, comunicação. Vemos pessoas de baixa renda, com estrutura de família sólida, e o menino se destacando. A questão familiar faz toda a diferença para se desenvolver no futebol - explica a psicóloga Michele Mellen, do Botafogo.

E os conselhos deveriam perdurar, na opinião de Anthony Santoro, técnico da base alvinegra:

- Sabemos que muitas vezes as coisas entram em um ouvido e saem pelo outro, mas de tanto falar alguma coisa pode ficar.



Boliviano aparece com camisa do Palmeiras em hotel do Corinthians

torcedor Palmeiras hotel corinthians (Foto: Diego Ribeiro)Eddy é funcionário do hotel usado pelo Corinthians
e diz não conhecer rivalidade (Foto: Diego Ribeiro)

Nem em Cochabamba, na Bolívia, o Corinthians está livre da rivalidade com o Palmeiras. Nesta terça-feira, um funcionário do hotel em que a delegação está hospedada transitou livremente com uma camisa do Verdão. O boliviano se chama Eddy e acompanha o maior rival do Timão há algum tempo.

- Sempre assisto aos jogos do Palmeiras quando posso, mas não sabia que era o maior rival do Corinthians. Gosto muito daquele atacante cabeludo, sempre faz gols – disse o torcedor, referindo-se ao argentino Hernán Barcos.

Ao ser informado que Barcos deixou o Verdão rumo ao Grêmio, Eddy lamentou, mas lembrou de um ídolo local que está atuando pela mesma equipe.

- Que pena! Mas agora ele está jogando com o Marcelo Moreno, certo? É um ídolo aqui – ressaltou o torcedor.

Eddy não teve contato com os jogadores do Corinthians, que estavam almoçando quando ele passou por uma área aberta do hotel com a camisa alviverde – ainda com patrocínio antigo. O funcionário sequer sabia que o Timão estava hospedado ali.

- Eles jogam contra o San José, é verdade. Mas não sabia que estavam aqui – brincou o funcionário.

Mais cedo, os jogadores do Timão tiveram manhã tranquila no hotel em que estão hospedados.

Alguns ficaram em seus quartos, e outros ficaram batendo papo em uma área próxima aos quartos – casos de Alexandre Pato, Guerrero e Danilo. Alguns veículos de imprensa da Bolívia estiveram no local, mas sem contato com os atletas.

O Corinthians pega o San José nesta quarta-feira, às 22h (horário de Brasília), em Oruro. Antes, o time treina em Cochabamba na tarde desta terça-feira e só embarca para o local do jogo cerca de quatro horas antes do apito inicial. Tudo para evitar ao máximo os efeitos da altitude de mais de 3.700m da cidade de Oruro.



Susto com turbulência marca o voo do Corinthians até a Bolívia

Desembarque do Corinthians em Cochabamba (Foto: Diego Ribeiro)Chegada do Timão ao aeroporto de Cochabamba,
na Bolívia (Foto: Diego Ribeiro)

A delegação do Corinthians passou por alguns momentos difíceis no voo que levou a equipe de São Paulo até Cochabamba, na Bolívia, onde a equipe se concentra para o jogo da próxima quarta-feira contra o San José, em Oruro, que marca a estreia dos times na Taça Libertadores. Após mais de duas horas de um voo tranquilo, uma forte turbulência de cerca de um minuto causou pânico em alguns jogadores do Timão e em boa parte dos torcedores que também estavam na aeronave.

O avião começou a “chacoalhar” por alguns instantes e causou reação imediata nos passageiros. Muitos jogadores levaram na esportiva e riram da situação. Outros, porém, não conseguiram disfarçar o medo. O atacante Paolo Guerrero, por exemplo, mostrou-se desconfortável e não saiu de seu lugar enquanto o avião não pousou, por volta das 18h30, horário local (19h30 de Brasília).

Outro que se assustou foi o volante Ralf. Depois do voo, porém, ele conseguiu brincar com os momentos de tensão que viveu.

– Aquele momento foi meio complicado, começou a chacoalhar tudo, causou um certo medo no pessoal, mas agora está tudo certo (risos) – disse.

Embarque Corinthians em Guarulhos - Pato com torcedor (Foto: Diego Ribeiro)Alexandre Pato foi muito tietado por torcedores do Corinthians no aeroporto (Foto: Diego Ribeiro)

No total, o voo até Cochabamba durou pouco mais de três horas. Antes do embarque e após a chegada, a tietagem de torcedores e funcionários de aeroporto foi intensa. Em Guarulhos, antes mesmo de a delegação passar pela Polícia Federal, corintianos buscaram fotos com quase todos do elenco – os mais procurados foram Alexandre Pato, Emerson Sheik e Cássio.

Horas depois, já na Bolívia, o mais assediado foi o peruano Paolo Guerrero, nascido no país vizinho e fluente na língua espanhola. Alguns torcedores cercaram o ônibus da delegação e tentaram tirar fotos. No hotel, o movimento foi bem mais tranquilo. Apenas uma placa de boas-vindas denunciava a presença do Corinthians no local.

No total, a delegação alvinegra tem 22 jogadores. O número é maior por precaução, caso alguém tenha problemas com a altitude tanto em Cochabamba, a mais de 2.500m do nível do mar, quanto em Oruro, local do jogo, a pouco mais de 3.700m de altura.

O elenco descansa até o fim da tarde desta terça-feira. A partir das 19h (20h no horário de Brasília), o Corinthians faz um treino no Estádio Felix Capriles e faz os últimos ajustes antes da estreia. O time parte para Oruro na quarta-feira, quatro horas antes do duelo contra o San José, em voo fretado.

Embarque Corinthians em Guarulhos - Sheik (Foto: Diego Ribeiro)Emerson Sheik posa para foto ao lado de torcedores na Bolívia (Foto: Diego Ribeiro)



Logística e experiência: Timão monta estratégia para superar altitude

Renato Augusto no treino do Corinthians (Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)Renato lembra do sofrimento em Potosí, com o
Flamengo (Foto: Daniel Augusto Jr. / Ag. Corinthians)

Os 3.700 metros de altitude de Oruro, na Bolívia, são a maior preocupação do Corinthians para a estreia na Taça Libertadores da América, quarta-feira, às 22h, no estádio Jesús Bermúdez. O desgaste físico causado pelo ar rarefeito (com menos quantidade proporcional de oxigênio) fará com que a delegação chegue ao local da partida somente quatro horas antes do seu início.

A experiência de alguns jogadores em jogos internacionais deixa o elenco um pouco mais tranquilo. O meia Renato Augusto passou por episódio semelhante quando jogava no Flamengo: enfrentou o Real Potosí, em Potosí, Bolívia, a 4.200m de altitude. Na oportunidade, os rubro-negros também permaneceram em outra cidade (Sucre) para evitar ao máximo a altitude.

– A bola fica mais rápida, e os jogadores têm dificuldade na respiração. São muitas complicações na Libertadores. Precisamos mesmo estar preparados. Após um ponto, a altitude começa a ficar desumana – afirmou Renato.

A sequência de muitas partidas em poucos dias é uma das principais preocupações da comissão técnica, que pretende escalar somente quem estiver em plenas condições físicas. O meia Douglas, por exemplo, foi vetado nos últimos dois jogos do Paulistão, contra São Caetano e Palmeiras, para recuperar a forma. Embora seja contra poupar jogadores no estadual em prol da Libertadores, o técnico Tite deve abrir algumas exceções.

Após encarar o San José na Bolívia, o Corinthians enfrenta o Bragantino, domingo, em Bragança Paulista. Na sequência, mais uma semana “puxada”: jogos contra Millonarios, da Colômbia, na quarta, e Santos, na Vila Belmiro, no domingo seguinte. Orientados pelo preparador físico Fábio Mahseredjian, os jogadores prometem se adaptar adequadamente a cada confronto. Em Oruro, por exemplo, a equipe deverá saber se dosar para manter o fôlego suficiente até o apito final.

- Não existe nada que possa mudar a altitude, mas naquele jogo (pelo Flamengo), nós nos dosamos um pouco mais. Precisávamos ter gás até o final da partida – explicou Renato Augusto. Na oportunidade, o Flamengo terminou o primeiro tempo perdendo por 2 a 0, mas chegou ao empate na etapa complementar.

O Corinthians treina na cidade de Cochabamba, que está a cerca de 2.700m de altitude, nesta terça-feira, em seu primeiro e único trabalho antes da partida na Bolívia. A última participação do San José, adversário desta quarta, na Taça Libertadores foi em 2008. Na oportunidade, a equipe caiu no grupo do Santos: em Oruro, venceu por 2 a 1, mas na Vila Belmiro acabou goleado por 7 a 0.



Vinícius lamenta falta marcada contra o Palmeiras: 'Prejudicou nossa equipe'

Na saída do Pacaembu, o técnico Tite ficou na bronca com a arbitragem. E depois do jogo, os palmeirenses também não gostaram da atuação de Antônio Rogério Batista. Nesta segunda-feira, 18, no , o atacante alviverde Vinícius, que marcou o segundo gol da equipe no empate por 2 a 2 com o Corinthians, lamentou a marcação de uma falta de Márcio Araújo em Ralf.

- O árbitro prejudicou um pouco a nossa equipe no lance com o Márcio Araújo. Vi o lance depois e acho que não foi nada. O Ralf ganhou no grito. Ali seria um lance que seria o 3 a 1, e praticamente matava o jogo - destaca o atacante.

Maurício Noriega, comentarista do SporTV, também não viu motivo para a marcação da falta contra o Palmeiras.

- Penso como o Vinícius. Foi um preciosismo do árbitro. É aí que a gente fala da diferença de jogo Libertadores para Estadual e Brasileiro. Tem uma alteração de critério. Nesse lance, para mim, não houve falta.

Emerson no jogo do Corinthians contra o Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Emerson marcou o primeiro gol corintiano no clássico com o Palmeiras (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Outro lance que deixou o palmeirense na bronca aconteceu aos 25 minutos do segundo tempo. O atacante corintiano Emerson deu um carrinho forte em Wesley e os palmeirenses foram para cima do árbitro, que contornou a situação e não expulsou o Sheik.

- Acho que poderia ter sido expulso, entrou um pouco pesado demais para um jogo que estava sendo bem disputado, sem violência. E o Sheik vem com o carrinho deslizando com o pé um pouco alto - analisa Noriega.

O ex-jogador Casagrande também repudiou a chegada mais forte do jogador do Corinthians, mas ressaltou que ele tentou ir na bola.

- O Sheik chegou muito forte, ele foi na bola, não foi no pé do jogador do Palmeiras, mas chegou com excesso de vontade, e depois que pegou a bola a sola continuou (alta), dava pra ele evitar.

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