sábado, 7 de julho de 2012

Charles Gavin: Corinthians driblou deslealdade do Boca e não amarelou

Nervoso, andando de um lado para o outro da sala de seu apartamento, o músico Charles Gavin assistia à decisão da Taça Libertadores entre o seu Corinthians e o Boca Juniors, na quarta-feira, sem conseguir entender como a equipe paulista poderia abrir espaços na retrancada e nada cordial defesa argentina. O toque de calcanhar de Danilo, aos 8 minutos do segundo tempo, deixou Emerson na cara do gol para abrir o placar. Então, a partida começou de verdade, disse o bateirista, e o futebol entrou no lugar do antijogo.

- Estava bastante nervoso, tinha certeza de que o jogo seria dificílimo. Estava bastante confiante, mas não conseguia enxergar como o Corinthians poderia desmontar aquele time do Boca, para quebrar aquela postura que o time entrou de provocação, de deslealdade, de espírito anti-esportivo. O Corinthians lidou com isso muito bem, porque teve paciência. Só depois do primeiro gol do Corinthians, o futebol começou. Antes do gol do Corinthians foi uma sucessão de empurrões, tapas, socos, faltas desleais, cera - afirmou o corintiano.

Emerson e Caruzo, Corinthians x Boca Juniors (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)Emerson provoca o zagueiro Caruzzo, do Boca Juniors (Foto: Marcos Ribolli / Globoesporte.com)

Charles acredita que Emerson não vingou o Corinthians com os dois gols. O atacante trocou provocações com o zagueiro Caruzzo, discutiu, atrapalhou e até mordeu o adversário. Bateirista dos Titãs por 25 anos, o músico apladiu o atacante.

Você tem que marcar território. Não pode amarelar em uma hora dessas. O Emerson fez isso com inteligência"

Chales Gavin,
músico e torcedor
do Corinthians

- Acho que o Emerson vai ficar marcado, porque foi o jogador do Corinthians que teve cabeça fria. Lembro que os companheiros foram pedir calma para ele. E ele respondeu que estava calmo. Ele sabia o que estava fazendo. No jogo de Buenos Aires, ele foi caçado em campo, apanhou muito. O Emerson falou em uma entrevista que o jogo tinha sido insuportável para ele. Ele sentiu necessidade de devolver. Ele revidou da melhor forma, porque não fez nada digno de expulsão. Tem uma hora que, por mais que a gente defenda a não-violencia, você tem que marcar território. Você não pode amarelar em uma hora dessas, tem que peitar. O Emerson fez isso com muita inteligência.

Assim Emerson acabou assumindo o lugar de quem estava em campo para "ajudar e proteger". Charles Gavin viu o árbitro colombiano Wilmar Roldán não controlar o jogo.

-  A gente está em 2012 e a arbitragem é conivente. Isso me chamou a atenção. Acho que sso interessa aos times de outros países da América do Sul. Por mais catimbeiro que um time brasileiro seja, nem se compara ao Boca. Os time brasileiros não têm essa mentalidade. O Corinthians estava tão bem preparado psciologicamente que soube suportar isso.

Em dezembro, o Corinthians volta a jogar um Mundial de Clubes, depois de ter vencido a primeira edição do torneio, em 2000. Cride, fala para a mãe que Charles Gavin vai voltar a caminhar de um lado para o outro na frente da televisão.

- Eu gosto de futebol inglês, acompanho bastante. É um bom adversário para o Corinthians. Se fosse um Barcelona ou um time mais forte, daria mais preocupação. Sendo o Chelsea o time que é, o Corinthians precisa se preparar bem, porque tem chance de vencer esse confronto. Essas chances não aparecem muito ao longo da vida. Então, tem que aproveitar, tem que ir com tudo - disse o bateirista dos Titãs entre 1984 e 2010.

Apesar de considerar que o Corinthians tem uma grande oportunidade de sair de Tóquio com o título, Charles reconhece que os dois elencos podem mudar bastante até o início da competição, em dezembro. E, enquanto os brasileiros precisam vender, o time inglês conta com a fortuna de seu proprietário, o russo Roman Abramovich, na hora de contratar.

- O que mais me preocupa e o que pode acontecer daqui para a frente. Tenho medo de saírem jogadores muito importantes. Já está saindo o Leandro (Castán), talvez o Paulinho também vá. A diretoria tem que se esforçar para repôr esses caras e montar um time competitivo. Resta saber o que vai acontecer com o Chelsea também. Ainda tem um semestre inteiro pela frente. Não sabemos quais os jogadores vão ser contratados, mas, pelo menos, o Drogba não está mais lá.

Charles Gavin, ex-bateirista dos Titãs, no "Redação SporTV" (Foto: Gabriel Benamor/SporTV.com)Charles Gavin, ex-Titãs, mostra paixão pelo Corinthians em foto (Foto: Gabriel Benamor/SporTV.com)