sexta-feira, 29 de junho de 2012

Kia diz torcer pelo Timão, mas evita ir ao Brasil na segunda final

Maurício Oliveira
Publicada em 28/06/2012 às 09:00
Enviado especial a Bueno Aires (ARG)

Um dos protagonistas do pior momento da história do Corinthians também estava lá, na Bombonera, no melhor momento da história recente do mesmo Corinthians.

O iraniano Kia Joorabchian, presidente da MSI, parceira do clube entre o fim de 2004 e meados de 2006, ano anterior ao rebaixamento do clube no Campeonato Brasileiro, disse que viajou de Londres a Buenos Aires só para ver o primeiro jogo da final da Copa Santander Libertadores. E que voltaria para o país onde fixou residência já nesta quinta-feira.

Morando na Inglaterra, ele deu entrevista à reportagem do LANCENET! minutos antes de o jogo começar, e afirmou que fez a maratona para ver o Corinthians, enfim, campeão da Libertadores.

– Tem de ser campeão, finalmente, não? A torcida merece! – afirmou, com discurso de quem quer agradar.

Ainda agente de Carlitos Tevez, do Manchester City (ING), Kia estava acompanhado do assessor e porta-voz do atacante, Adrian Ruocco. O argentino Ruocco não quis falar. Fez cara feia e desapareceu, quando a reportagem fez a primeira pergunta para Kia.

– Ele não gosta – disse o iraniano, sobre a pessoa que deveria falar por Tevez, que tem ojeriza à imprensa.

Mas Kia queria falar, tanto que apareceu no setor de imprensa. Talvez não exatamente sobre negócios com o Corinthians. Porque, depois que a parceria, que deveria durar dez anos, foi interrompida sob acusações do Ministério Público Federal de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, entre outras, o agente foi embora do Brasil e só apareceu em eventos e jogos esporádicos na Europa. Vez ou outra, circula a informação de que ele participou diretamente de negociação de jogador brasileiro para algum clube europeu ou de lá para algum clube brasileiro.

Mas nenhum dirigente ou outro agente tem coragem de falar abertamente sobre isso.

Kia ri quando é questionado sobre as acusações que lhe foram feitas na Justiça brasileira. Diz que nunca teve problema no país. Mas continua evitando visitar o Brasil. Tanto que não pretende ir a São Paulo para o segundo jogo da final, apesar de ter feito uma viagem relâmpago da Europa à Argentina para ver o primeiro.

L!NET – Está dividido, Kia?
Porque dividido, sou Corinthians nesta final.

L!NET – Por causa de Tevez, ele é Boca, não?
Tevez pode ser Boca ou pode estar dividido, mas eu não, sou Corinthians, não tem divisão.

L!NET – E onde ele está? No camarote?
Não, está de férias, viajando.

L!NET – É? Não veio ver o Boca na final da Libertadores?
Não, quis viajar.

L!NET – E você, vai a São Paulo para ver o segundo jogo?
Eu quero muito, mas tenho um compromisso na Europa... Não sei se vou conseguir.

L!NET – Mas há algum receio de ir ao Brasil?
Nunca tive problemas no Brasil. Mas faço negócios na Europa, agora.

L!NET – Está morando na Inglaterra...
Sim, em Londres.

L!NET – Você é um dos grandes agentes do futebol mundial. Tem mantido contato com amigos ou dirigentes brasileiros?
Não, não mais.

L!NET – Nem quando Tevez pede para voltar para a América do Sul?
Não, ele está bem.

L!NET – Algum jogador desta final tem mercado na Europa? Paulinho, por exemplo?
Paulinho? (Risos) Quero só falar que o Corinthians vai ganhar hoje. Tem de ser campeão!

Kia pede licença, pega o celular no bolso, sorri e se despede...

– Desculpe, vamos ver o jogo. Tchau!