sexta-feira, 6 de julho de 2012

Para ver final, corintianos pagam fortuna e viram seguranças da FPF

Caro corintiano, qual loucura você faria para assistir à final da Copa Libertadores no estádio Pacaembu? Apenas 37 mil torcedores conseguiram ingressos para a histórica decisão contra o Boca Juniors. E para fazer parte dessa minoria de felizardos, cinco alvinegros se reuniram em Jacareí, no Vale do Paraíba, com um "plano louco" em mente. Cada um pagou R$ 2.400 para assistir à final em uma área VIP do estádio. Vestidos de terno e gravata, eles foram vítimas de um golpe e viraram seguranças da Federação Paulista de Futebol. Mas garantem: fariam tudo de novo para presenciar o primeiro título da Libertadores do Timão.

A aventura inusitada começou quando o empresário Paulo Bonafé soube que um primo de seu sócio estaria vendendo ingressos para a "Área VIP da Conmebol" no estádio. Ele convidou mais quatro amigos para curtirem a oportunidade. Cada um teria que desembolsar R$ 2.400 pela suposta vaga. Após efetuarem o depósito na conta do vendedor, receberam uma lista de instruções. A mais importante foi "ir ao jogo de terno e gravata". A justificativa era de que ficariam ao lado de pessoas importantes e, por isso, deviam estar bem vestidos.

– Chegamos ao Pacaembu às 17h, como estava combinado. Fomos encaminhados para uma área em que estavam várias pessoas vestidas como nós. Foi então que começaram a colocar em nossos braços uma braçadeira da Federação Paulista de Futebol e ficamos sabendo que seríamos segurança da área VIP – relembra Paulo Bonafé.

Os até então "VIPs da Conmebol", na verdade, iriam trabalhar como seguranças. O médico ortopedista Frederico Segreto estava sem gravata e foi direcionado para outro setor do estádio.

– Eu não fui de gravata porque pensei que era uma formalidade que não seria seguida na área VIP da Conmebol. Quando vi que me separaram dos meus amigos, fiquei preocupado. Deram-me um colete para vestir e me mandaram para um setor. Falei para um dos que coordenavam a operação: ‘E o esquema da área VIP da Conmebol?’. Ele me respondeu: ‘Amigo, o esquema aqui é você ficar nessa escada, o outro naquela...’ – contou Frederico.

Torcedor Corinthians Pacaembu (Foto: Arquivo pessoal)Ingresso VIP para a final se transformou em bico
de segurança da FPF (Foto: Arquivo pessoal)

Quem está na chuva...

Após descobrirem o golpe, o quinteto de Jacareí tirou o traje social e revolveu despistar os coordenadores da segurança da FPF. Comunicando-se por celular, eles tiraram os paletós e marcaram encontro no setor de numeradas do Pacaembu. Frederico Segreto já tinha conseguido ser liberado do 'trabalho' ao pagar R$ 100 para um dos profissionais que organizava a segurança no local. Mas os outros quatro corintianos tiveram que fugir na corrida. Ao se reencontrarem, por volta das 20h, sentaram nas cadeiras e assistiram à final.

– Eu não me arrependo de ter feito isso. Faria tudo de novo. Se eu soubesse que estava pagando para ser segurança no jogo, pagaria do mesmo jeito. Ficamos um pouco tensos na hora por causa do golpe, mas, depois que conseguimos nos livrar dos seguranças, demos muitas risadas do que vivemos. Valeu a pena. Ver o Corinthians ser campeão da Libertadores é algo inesquecível, vale qualquer loucura – comentou Paulo Bonafé.

Oficialmente, o ingresso mais caro para ver o Corinthians na final da Libertadores custou R$ 500 (setor VIP). De acordo com a presidência da Federação Paulista de Futebol, o trabalho de segurança para essa área do estádio foi terceirizado. O responsável pela empresa contratada irá abrir inquérito junto aos órgãos competentes para averiguação do ocorrido. Além disso, o departamento jurídico da Federação abrirá uma sindicância para apuração dos fatos.

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