sábado, 1 de dezembro de 2012

Com a mulher grávida, corintiano compra viagem ao Japão escondido

Assistir ao Corinthians no Mundial de Clubes é uma oportunidade que qualquer torcedor alvinegro gostaria de ter. Logo após o título da Libertadores, a procura nas agências de viagens foi enorme – a maioria torcedores ansiosos, que não queriam correr o risco de ficar sem ingresso. O médico Gustavo Buzzoni é um deles. Mesmo com a esposa grávida de oito meses, ele não teve dúvida: comprou o pacote da viagem escondido, e embarca acompanhado de três amigos para a viagem de 15 dias ao Japão.

corintiano compra viagem ao Japão escondido (Foto: Daniel Romeu / Globoesporte.com)Gustavo e Carla mostram as roupinhas alvinegras de Gabriela (Foto: Daniel Romeu / Globoesporte.com)

Segundo Gustavo, garantir a ida ao Mundial sem o conhecimento da esposa, Carla, foi planejado com antecedência. O medo não era de que ela o impedisse de viajar, pelo contrário. Gustavo temia que Carla, também corintiana, o convencesse a ir junto ao Japão – o que, para alguém às vésperas de ter um filho, talvez não fosse muito prudente.

- Eu fui obrigado a comprar escondido. Ela queria ir de qualquer jeito, não estava fazendo as contas. Estava no começo da gravidez depois do título da Libertadores, não viu que estaria de oito meses no Mundial. Não avisei. Entrei na agência e perguntei duas coisas: quanto era e se ingresso estava garantido. Não queria saber de hotel, mais nada. Não podia deixar ela saber, se não iria junto, tenho certeza - explica Gustavo.

- Passei o cartão, peguei o voucher, e acabou. Só liguei para meus amigos, para perguntar se iriam, e foi isso. Sem enrolação. Até outro dia não tinha entrado no site para conhecer o hotel, não sabia nem por onde ia. Só depois fui descobrindo as coisas, que precisava de visto americano porque tinha escala nos Estados Unidos – completou.

Até outro dia, nao tinha nem entrado em site para conhecer o hotel..."

Gustavo Buzzoni

O plano de Gustavo foi executado com perfeição: em uma ida despretensiosa ao shopping center, aproveitou a distração de Carla e, em 15 minutos, já estava com tudo acertado. Ele lembra que, quando entrou na agência, um casal comprava uma viagem a Maceió, e enquanto ainda perguntavam sobre hotéis, ele já havia fechado a viagem ao Japão. Hoje, a esposa vê graça na história, mas na época ela admite ter se irritado.

- Era um sábado, estávamos no shopping e entrei em uma loja de sapatos. Ele disse que iria esperar no corredor. Eu levei 15 minutos, não comprei nada. Saí da loja e ele já estava de volta, sorridente, supercontente. Geralmente, quando espera, fica mal humorado. Ele disse: comprei um pacote para ver o Corinthians no Japão – lembra Carla.

- Na hora, fiquei brava. A Gabriela iria nascer, vai que nasce antes? O Gustavo me disse que iria quando o Corinthians ganhou, mas não tocamos mais no assunto e eu não sabia quando abririam as vendas. Agora estou feliz, sei que vai fazer bem para ele.

A operação para garantir a segurança da mulher e do bebê já está toda montada. A sogra virá de Valparaíso, cidade no interior de São Paulo, para ajudar a monitorar a situação. Gustavo, que embarca no dia 8 de dezembro e só volta no dia 18, por meio do celular, promete acompanhar a situação no Brasil 24 horas por dia – talvez, excessão feita às quatro horas que o Timão estará em campo nas duas partidas no Japão.

Promessa e ‘veto’ na Libertadores

Gustavo se diz pé-quente em Mundiais. Na última participação do Timão, em 2000, ele sofreu para conseguir o ingresso, e alugou uma van para assistir à final contra o Vasco, no Maracanã – o esforço valeu a pena, e ele viu ao vivo o título conquistado nos pênaltis. Desde então, fez uma promessa: teria de assistir a todas as participações do Timão no Mundial de Clubes. Em Libertadores, entretanto, após várias decepções vistas no estádio, Gustavo decidiu que nunca mais iria, e torceu de casa no jogo de volta contra o Boca Juniors, em julho.

- Para conseguir o ingresso de 2000 foi uma loucura. Fiquei um dia e meio na fila e não consegui. Um amigo meu arrumou com o médico do Corinthians, no dia do jogo. Alugamos uma van e fomos, chegamos em cima da hora, sem ideia de onde era o Maracanã. O pessoal a quem perguntamos resolveu sacanear a gente, mandou a gente para o meio da favela. Acho que era vascaíno. Quando chegamos o jogo já tinha começado. Ali fiz uma promessa: todo Mundial que o Corinthians fosse eu iria, não importa onde. Sou pé-quente, e ano que vem vamos nós três: eu, a Carla e a Gabriela - declarou ele.