quarta-feira, 13 de março de 2013

Paulo André e Brunoro defendem mais educação para os jogadores

Em 12 de março de 1933, Santos e São Paulo se enfrentaram na Vila Belmiro na partida que marcou o início do profissionalismo no futebol brasileiro. Porém esse não foi um processo pacífico. Novas Ligas e Associações foram criadas, alguns clubes fecharam as portas e grandes jogadores brasileiros foram impedidos de atuar na Copa do Mundo de 1934, pois não estavam filiados à CBD (Confederação Brasileira de Desportos), órgão que comandava o futebol à época. Oitenta anos depois, o profissionalismo ainda não é compreendido de forma total por jogadores, dirigentes e torcedores.

- A minoria dos jogadores brasileiros é que têm condições de, quando parar de jogar, viver de renda. O resto vai ter que procurar outra profissão para trabalhar e poder sobreviver – afirma Paulo André, um militante nas causas do profissionalismo no Brasil.

Um estudo recente feito pela XPro, uma entidade assistencial inglesa para ex-jogadores, mostra que três em cada cinco atletas que atuaram na Premier League vão à falência depois de encerrarem a carreira. Para José Carlos Brunoro, o problema principal reside na falta de educação que os clubes deixam de dar para os jogadores, especialmente quando eles ainda atuam nas categorias de base.

Paulo André, zagueiro do Corinthians. (Foto: Gustavo Serbonchini)Paulo André, zagueiro do Corinthians, defende mais escolaridade para os jogadores (Foto: Gustavo Serbonchini)

- Na base você não sabe se vai ser jogador. E aí você para de estudar, já é um problema para a sociedade. O menino sai dali e vai fazer o que? O estudo aí é fundamental, porque se ele for um jogador médio, que não vai ganhar muito dinheiro, poderá ter uma profissão, fazer faculdade de educação física, ser treinador, preparador, aproveitar esse estágio de atleta mesmo que não tenha sido um grande jogador. E hoje isso é muito mais fácil porque tem a educação à distância. Mesmo concentrado, o atleta pode estudar e depois seguir uma profissão – analisou o diretor-executivo do Palmeiras.

Mas as coisas não são tão simples. Nem todos os atletas têm a iniciativa para estudar.

- Se a pessoa não tiver vontade de crescer e evoluir, dificilmente conquistará resultados. Por ter uma má formação, sair cedo de casa, com 14 anos, não tem bons exemplos. E depois, quando chega nos 28 anos, não consegue correr atrás do tempo perdido.

Além de não conseguir gerenciar seus rendimentos, tanto Brunoro quanto Paulo André concordam que os jogadores precisam ser mais ativos nas questões relacionadas à classe.

- Acho que o atleta precisa se mostrar mais. O jogador vem de origem humilde, tem jogador que não quer dar entrevista. Mas é se mostrar no sentido de posicionamento, porque é formador de opinião. E o clube não pode se eximir disso. O jogador é imagem do clube – declarou Brunoro.

José Carlos Brunoro palmeiras apresentação (Foto: Gustavo Serbonchini)José Carlos Brunoro defende que clubes devem dar mais educação aos atletas (Foto: Gustavo Serbonchini)

- Concordo com o Brunoro. Não é se mostrar para aparecer, é passar bons valores, bons exemplos. Temos muito espaço na mídia. A gente consegue se comunicar com um grande público, especialmente com a juventude. Passar maiores ideias, mostra que temos opinião, somos humanos, erramos e acertamos e tentamos fazer sempre o melhor. Acho que um pouco do medo atleta de se expor é o temor da retaliação da torcida e da diretoria, que cobram resultados diários e que muitas vezes não entendem que em um jogo tudo pode acontecer, pode ganhar ou perder. O trabalho tem que ser bem feito e, se tudo correr bem, vai ganhar mais do que perder – finalizou o beque Alvinegro.

Banner SporTV Premiere FC (Foto: SporTV.com)