sábado, 9 de março de 2013

Antes do futevôlei, Gamarra diz: 'Foco da violência são torcidas organizadas'

Um dos melhores zagueiros de todos os tempos, o paraguaio Carlos Alberto Gamarra Pavón, o Gamarra, é um velho conhecido da torcida brasileira. Com passagens por clubes como Internacional, Corinthians, Flamengo e Palmeiras, o ex-zagueiro brilhou na Copa do Mundo de 1998, na França, quando terminou a competição sem cometer uma única falta sequer. O bom desempenho não evitou a eliminação para os donos da casa com um gol de morte súbita nas oitavas de final, mas rendeu a ele o prêmio de melhor defensor do Mundial. Aos 42 anos, Gamarra diz que o aumento da violência no futebol está intimamente ligada às torcidas organizadas, que fizeram a situação fugir do controle. Exemplo disso foi o episódio da morte de um torcedor do San José, de 14 anos, após ser atingido por um sinalizador disparado por um corinthiano.

Neste final de semana, Gamarra irá defender o Paraguai no Mundialito de Futevôlei 4 x 4, que ainda contará com a presença de Brasil, Espanha, Uruguai, Portugal, Argentina e Itália. No sábado, o SporTV transmite a fase classificatória e, no domingo, a TV Globo transmite a final.

Gamarra treino Mundialito de Futevôlei 4 x 4 Rio de Janeiro treino Copacabana (Foto: Divulgação)Gamarra (vermelho)mostra categoria ao colocar a bola em jogo em treino de futevôlei (Foto: Divulgação)

- A situação das torcidas organizadas deveria ter sido controlada desde o início, elas são o foco da violência dentro e fora dos estádios. Quanto mais tempo passa, o nível de agressividade aumenta e pouco de faz para mudar. O que aconteceu na Bolívia, a morte de um menino inocente, foi um absurdo. E toda a torcida do Corinthians foi prejudicada por conta de um torcedor. Algumas pessoas vão ao estádio para brigar, enquanto o espírito deveria ser outro. O estádio é um lugar para se divertir e torcer pelo seu time - analisou.

No fim de janeiro, a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) deu um importante passo para dar fim ao clima bélico no futebol e iniciar a era da disciplina nos torneios. Quem vai ditar as regras da nova jurisdição é uma espécie de Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).

gamarra flamengo river plate (Foto: Agência AFP)Gamarra disputa bola com jogador do River Plate,
na época que atuou pelo Fla (Foto: Agência AFP)

Para Gamarra, o excesso de faltas e o vigor de alguns jogadores também influencia na violência do esporte. O ex-zagueiro acredita que os distúrbios nos jogos vêm da própria diretoria dos clubes, que deixam as torcidas atuarem de forma descontrolada, incitando a violência. Segundo ele, entidades que organizam os campeonatos mundo afora deveriam ter regras mais rigorosas, aliadas a um bom policiamento dentro e fora de campo.

- Evitar cometer faltas sempre foi algo natural para mim, os zagueiros deveriam ter esse pensamento de uma forma geral. As diretorias deram muita liberdade às torcidas organizadas.  As entidades reguladoras, como a CBF, no Brasil, precisam olhar o problema de perto, antes que não haja mais a possibilidade de reverter a situação - acrescentou.

Além de clubes brasileiros, Gamarra encantou outras torcidas na América do Sul e na Europa. Alguns exemplos são Cerro Porteño, Olímpia, Independiente, Benfica, Atlético de Madrid e Inter de Milão. E mesmo depois de ter pendurado as chuteiras, ele não se afastou dos gramados. Natural de Ypacaraí, o ex-zagueiro vive uma vida tranquila em Assunção, onde trabalha no departamento técnico do Rubio Ñú, garimpando talentos da nova geração.