segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Com aval de Zico, Danilo espera conquistar os japoneses no Mundial

Marcelo Braga - 10/12/2012 - 09:48 São Paulo (SP)

Danilo Kashima (Foto: Divulgação)
Danilo fez história defendendo as cores do Kashima Antlers (Foto: Divulgação)

Com a queda do Sanfrecce Hiroshima, eliminado ontem pelo Al Ahly (EGI), o Japão fica órfão de um representante no Mundial de Clubes da Fifa. Mas, se depender de Danilo, os torcedores da casa já têm um time para torcer.

Tricampeão da J-League (2007, 2008 e 2009) pelo Kashima Antlers, clube de maior torcida do país – cerca de 12,3 milhões, segundo pesquisa de 2010 – o meia espera que os os japoneses abracem a equipe alvinegra até a final, em Yokohama.

– Eles vão nos ajudar, com certeza. Ainda mais pelo jeito da nossa torcida, eles gostam bastante. Espero que possam nos apoiar, que o torcedor do Kashima vá onde a gente jogar. Eles gostavam muito de mim, espero nos ajudem. Foi um privilégio muito grande jogar lá e é um prazer voltar – disse ao LANCE!Net, alguns dias antes da viagem.

Chamado de “Zidanilo“ no São Paulo, em alusão a Zinedine Zidane, o jogador de 33 anos ganhou uma Libertadores e um Mundial pelo rival, ambos em 2005. Um ano depois, foi brilhar no Japão, terra que deve muito a Zico por toda a relação que tem com o futebol. No mesmo clube por qual o Galinho fez história nos anos 1990, o meia do Timão também deixou saudades.

Danilo é trunfo do Timão no Mundial!

Até hoje, por exemplo, ele se lembra de sua despedida, quando deu volta olímpica no Kashima Soccer Stadium, foi carregado nos braços e fez até discurso à torcida.

– Ia voltar numa segunda-feira, mas a torcida pediu que eu ficasse até o jogo de domingo, para prestar homenagem. Lá, peguei o megafone e falei em japonês: “Konbanwa minna-san”, que é boa noite a todos. E acharam que eu ia continuar, mas aí fui para o português e todo mundo riu – lembra o meia.


Danilo foi louvado em sua despedida do Kashima Antlers (Foto: Divulgação)

Pela identificação com os latinos, Zico, que já comandou a seleção do país e que até hoje é idolatrado na terra do sol nascente, acha que a Fiel ganhará reforço no país.

– Além de conviver com muitos brasileiros por lá, principalmente saídos de São Paulo, o povo japonês sempre teve um carinho muito grande pelo futebol brasileiro. Claro que vai ter uma divisão, daqueles que gostam do futebol europeu, mas em termo de receptividade o Corinthians será muito bem tratado – garantiu o ex-jogador ao LANCE!Net.

Nos braços dos japoneses, o Timão de Ziconilo fica mais forte.

JÁ FOI ZIDANILO...

Ídolo após o Mundial - Com boas atuações na Copa Libertadores de 2005 e no Mundial, o meia virou “Zidanilo”para o torcedor do São Paulo, em alusão ao francês Zinedine Zidane. Quando chegou ao Timão, o camisa 20 disse que o apelido o deixava bastante feliz.]

GALINHO NO JAPÃO

Entre 1991 e 1994 - Zico já estava aposentado quando foi jogar excurssão no Japão, em um time de másters entre Europa e América do Sul. Com 38 anos, foi visto por empresários e recebeu o convite para ajudar na profissionalização do futebol no país – a liga seria criada em 1991. Já há um ano e meio sem atuar, aceitou e treinou por menos de um mês no Flamengo para recuperar a forma. “Chegando lá, a diferença de qualidade era tão grande que deu para jogar“, conta. No recém-criado Kashima Antlers, ganhou quatro copas e marcou muitos gols. Virou ídolo.

BATE-BOLA - DANILO

LANCE!Net: Você poderá ser bicampeão mundial. Sente-se privilegiado?
Danilo: Sim. No futebol, tem de ganhar. A coisa que fica marcada depois que você para são os títulos, ainda mais os importantes como esse do Mundial de Clubes. Sou um privilegiado por estar sempre jogando esses campeonatos e ganhando eles.

L!Net: É sorte de campeão?
D: Também. Sou predestinado. Agradeço a Deus por estar sempre no momento certo, na hora certa e no time certo. Faz a diferença.

L!Net: Como o japonês vê o brasileiro?
D: Eles nos recebem muito bem, principalmente os outros jogadores, que têm um respeito muito grande, um carinho, com ídolos.

L!Net: Falavam muito do Zico por lá?
D: Demais. Ele é um ídolo no Kashima, tem uma importância muito grande lá, eles respeitam, tem estátua dele. Por tudo o que fez para o clube. Isso ficou marcado mesmo.

L!Net: Estava mais ansioso pela estreia em 2005 do que hoje, aos 33 anos?
D: Com certeza, era um campeonato inédito para mim, nunca tinha ido. Eu sabia que não ia ser fácil ganhá-lo, como esse também não vai ser. São dois jogos decisivos, temos de estar bem preparados para eles.

BATE-BOLA - ZICO

LANCE!Net: Quais as lembranças do Kashima Antlers que você guarda até hoje?
Zico: Tudo, é como se fosse um filho. Criamos tudo desde o início e hoje ele é o que é, o maior time do Japão, em função disso. É o maior em número de títulos (sete da J-League), de jogadores na seleção, em estrutura, isso tudo foi fruto de um trabalho com pessoas e patrocinadores que acreditaram em uma pessoa que estava indo para lá, com conhecimento de Brasil e Europa, e que confiaram e acreditaram. As coisas aconteceram e é bacana ver hoje uma realidade, de tudo o que aconteceu nos anos que estive lá.

L!Net: Qual a relação hoje com o filho?
Z: A mesma de outra época, só não profissional, porque tenho meus afazeres, mas sentimental e emocional é a mesma. E consultivo, temos uma ligação, nosso advogado é o mesmo. Os laços ainda existem. Quando a coisa não está muito legal eles pedem para eu mandar mensagem de apoio aos jogadores.

L!Net: Acha que o Timão leva o título?
Z: Tem chance, mas não pode pensar no Chelsea antes da hora. Aquela coisa que dizem que não tem mais bobo no futebol é verdade (risos). A chance de titulo é real. não deve nada aos outros times.