sábado, 19 de janeiro de 2013

Após lição com Adriano, Corinthians elogia empenho de Alexandre Pato

Felipe Bolguese - 19/01/2013 - 06:00 São Paulo (SP)

Pato e Mazziotti - Corinthians (Foto: Tom Dib)
Bruno Mazziotti e Pato no CT Joaquim Grava (Foto: Tom Dib)

A dedicação de Alexandre Pato nos treinos arranca elogios no Corinthians. Suficiente para o estafe médico confiar na recuperação de seu futebol e ressaltar que Adriano fracassou, justamente, porque não teve empenho.

– O jogador tem de fazer parte do processo. Já nos doeu na carne que não adianta nenhum esforço nosso se o atleta não fizer parte do processo. Por melhor que seja o profissional da preparação, da parte técnica... O caso do Adriano foi uma lição de humildade para nós também – afirmou o fisioterapeuta do Corinthians, Bruno Mazziotti, ao LANCE!Net.

Semanas depois que foi apresentado, em março de 2011, o Imperador rompeu o tendão-de-aquiles do pé esquerdo. O tratamento até hoje causa arrepios nos profissionais do clube, já que o atacante não seguia as recomendações médicas, abusava nas noitadas e no consumo de bebida alcoólica. Após diversos casos de faltas a treino, indisciplina e apenas oito jogos disputados em um ano, ele foi demitido.

Com Pato a perspectiva é totalmente contrária. Além de ser o “bom moço”, o camisa 7 tem mostrado evolução no dia a dia. A primeira parte de seu tratamento, porém, será coordenar aspectos musculares, técnicos e motores, para que a confiança seja recuperada.

Nos últimos meses, o jogador somou 16 lesões musculares e alarmou a todos. Apesar de trabalhar com bola ao lado grupo que vai disputar o início do Paulistão, ele faz trabalhos específicos com fisioterapeutas e preparadores físicos e não há pressa para sua estreia.

– Temos a compreensão da diretoria e do treinador para que esse prazo seja respeitado. Não podemos precisar sua estreia ainda, depende muito da reação a esses novos trabalhos. A ideia é estar melhorando as condições físicas e funcionais do Pato. Tudo é uma questão de retomada de confiança – explica o fisioterapeuta corintiano.

Como começou a trabalhar no dia 12, o jogador vai seguir na pré-temporada ao lado dos titulares. Portanto, vê-lo em campo, participando de treinos técnicos não significa que ele esteja perto da estreia. Provavelmente, ela só ocorrerá no início de fevereiro.

Mazziotti ainda lembra que, para evitar lesões musculares, o trabalho de reabilitação com treinos especiais pode até durar o ano inteiro, se a necessidade for acusada pela comissão técnica.

TRABALHOS COM PATO

- Aumentar a força muscular na coxa esquerda, onde sofreu sete lesões desde 2010

- Promover ativação e coordenação intra e intermuscular, para diminuir riscos de lesões

- Fortalecer a cintura pélvica, para aumentar a mobilidade e naturalidade dos movimentos

- Fazer exercícios fisioterápicos de coordenação motora, para diminuir riscos de lesões musculares

- Evitar o encurtamento de cadeias musculares (quando o músculo não alonga devidamente)

- Aumentar ritmo de jogo e reproduzir movimentos técnicos naturais em campo

Nas mãos de Mazziotti

RONALDO
O fisioterapeuta começou a trabalhar com o Fenômeno em 2003, ainda no Real Madrid. Ele estava no Milan (ITA) quando o ex-atacante rompeu o tendão patelar do joelho esquerdo, em fevereiro de 2008, e o ajudou na recuperação já no Timão. O Fenômeno voltou a jogar em março de 2009.

-Lesões musculares
Por conta das inúmeras cirurgias nos joelhos ao longo da carreira, no Timão Fenômeno sofreu diversas com lesões musculares. Foram pelo menos sete, nas duas panturrilhas e nas duas coxas, entre maio de 2009 e fevereiro de 2011, quando decidiu se aposentar.

-Briga com a balança
Desde que chegou, um dos maiores vilões de Ronaldo era o peso. Foi no começo de 2009, no Paulistão e Copa
do Brasil, que ele conseguiu atingir seu auge. Depois, nunca mais entrou em forma, mesmo após lipoaspiração. Por sentir muitas dores no corpo e não se sentir bem, ele também relaxou em relação à alimentação e consumo de bebida alcóolica antes de se aposentar.

ADRIANO
O Imperador deixou a Roma (ITA) e chegou em março de 2011, após uma temporada pífia na Itália. Na ocasião, ele chegou para tratar de uma lesão no ombro esquerdo, mas sofreu uma ruptura no tendão-de-aquiles do pé esquerdo. A recuperação desandou:

-Sem bota e na balada
Dias depois da cirurgia, o atacante já foi visto sem a bota ortopédica, que deveria usar por pelo menos uma semana. Pouco tempo depois, foi flagrado dois dias seguidos em casas noturnas e, segundo presentes, dançando funk.

-Faltas a treino
O Imperador faltou dezenas de sessões de fisioterapia. Na maioria das vezes, ligava do Rio de Janeiro pedindo para emendar a folga. O clube tornou o caso público apenas uma única vez, quando anunciou uma multa de 10% do salário.

-Álcool e indisciplina
Em sua última semana, Adriano chegou a um treino sob efeito de álcool. Dias depois, não quis se pesar, o que foi a gota d’água para a sua demissão.

Bate-Bola: Bruno Mazziotti
Fisioterapeuta do Corinthians, em entrevista ao LANCE!Net

‘Queremos recuperar sua confiança, destravá-lo’

Qual é a avaliação do Pato na primeira semana de trabalhos?
Estou satisfeito com a evolução, ele está dedicado a melhorar suas condições funcionais para ter melhor performance no campo. Isso me deixa bastante feliz, vendo que ele está totalmente integrado ao processo. Ele entendeu isso de uma maneira muito rápida, sabendo que esse trabalho vai ser feito ao longo da temporada, não para a sua estreia, e vai minimizar surgimento de possíveis lesões musculares.

Vocês trabalham com Pato como se ele estivesse em reabilitação?
Não estar com dor é estar reabilitado? Não! Estar no campo e fazer trabalho com bola é estar reabilitado? Não! Esse processo envolve diversos aspectos. O Pato, eventualmente, pode estar durante o ano todo em reabilitação. Mas isso não o impede estar desenvolvendo seu futebol.

Os exames apontaram algo difícil de ser trabalhado, um problema?
Não. Ajustes vão ser feitos a partir de reavaliações. Nesse primeiro estágio queremos que ele recupere a confiança, que não tenha preocupação de que vai se machucar. Queremos destravá-lo. Hoje ele não tem alteração que o impeça de ter uma boa sequência, mas precisa trabalhar para reajustar alguns aspectos. Uma vez retomada essa confiança, os ajustes vão acontecendo...

Em que estágio ele se encontra?
Hoje ele trabalha com o Grupo 2, que se reapresentou no dia 7, e com o Grupo 3, que chegou no dia 14. Por isso faz treinos físicos e técnicos. Ele segue fazendo trabalhos comigo e eu vou liberando-o para estar cada vez mais integrado ao time.

Ele recebe atenção diferente?
Também há uma atenção ao Gil e Renato Augusto, que vieram de fora, meio de temporada, outro clima, ambiente. É uma readaptação.