sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

DNA 'louco': Bisavô, netos e bisneto acompanham Timão no Mundial

Milton Helio Pontes, 81 anos, torcedor do Corinthians (Foto: Arthur Costa/ Globoesporte.com)Milton, 81 anos, segura sua oração ao Corinthians
(Foto: Arthur Costa/ Globoesporte.com)

Na família Pontes, de Atibaia, no interior de São Paulo, o amor pelo Corinthians passa de geração a geração. O patriarca Milton Hélio, 81 anos, é aposentado, ex-executivo de uma empresa de energia e segue os passos do Timão desde a década de 50, quando se mudou para São Paulo e trabalhava no bairro de Perdizes, zona oeste. É tão corintiano que afirmar usar verde, cor do arquirival Palmeiras, apenas quando está com raiva de si próprio.

Setenta e três anos o separam de Bruninho, seu bisneto, também corintiano, que não gosta de Neymar e que está com as malas prontas para embarcar para o Japão a convite do bisavô. Além dos dois, mais três netos de Milton farão parte da aventura de ver de perto a caminhada do Corinthians no Mundial de Clubes.

- Acompanhei a vida deles (netos) até matriculá-los na faculdade. Agora, cada um tem sua vida, então essa viagem é uma aproximação - conta Milton, que viu sua paixão pelo alvinegro ficar mais forte com a conquista do IV Centenário em 1954 e com o lendário "ataque dos 100 gols", formado por Cláudio, Luzinho, Baltazar, Carbone e Mário, nomes que ainda estão na ponta da língua do aposentado.

Entre seus ídolos estão o goleiro Gilmar dos Santos Neves (que conheceu na fila da bilheteria do estádio Ulrico Mursa, em Santos), o atacante Cláudio e, mais recentemente, os volantes Paulinho e Ralf.

Família Pontes acompanha Corinthians no Mundial (Foto: Arthur Costa/ Globoesporte.com)Família Pontes irá acompanhar o Corinthians no Mundial (Foto: Arthur Costa/ Globoesporte.com)

A viagem ao Japão já estava programada há algum tempo, mas um certo time colombiano estragou os planos da família Pontes.

- Minha mulher foi viajar com minhas netas para os Estados Unidos e aí surgiu a ideia de levar só os netos para uma viagem. Decidimos ir ao Japão caso o Corinthians vencesse a Libertadores, mas isso foi antes do Tolima - recorda-se Milton, referindo-se à eliminação da equipe da competição continental de 2011.

Essa invasão vai ser maior do que aquela do Macaranã"

Milton Hélio Pontes

Com a vitória sobre o Boca Juniors, na final deste ano, o plano pôde, enfim, ser colocado em prática. O grupo parte no domingo, 9, para Brasília, onde Milton, seu neto Bruno e o bisneto Bruninho se unem a Lucas e Guilherme, os outros netos, para iniciar a saga de 30 horas de viagem.

- Essa invasão vai ser maior do que aquela do Macaranã (contra o Fluminense na semifinal do Brasileiro de 1976). Maior e muito mais significativa, comentada em todo o mundo -  conta o bisavô, que esteve presente no jogo que acabou com o jejum de títulos do Corinthians no Paulista de 1977, contra a  Ponte Preta, no Morumbi.

A paixão pelo Corinthians é tanta que Milton escreveu uma oração pedindo aos céus uma ajuda extra no Mundial de Clubes. Entitulada 'Oração de um Corintiano Octogenário', a prece termina da seguinte maneira: "(...) aqui na Terra, ninguém diria; eu, nem em sonho, ousaria. Pai, Senhor do céu de da Terra, em sua infindável generosidade, depois de tanta recompensa e consideração, se não for pedir muito, dê uma força para o meu Timão".

Influência

A família Pontes nem sempre foi alvinegra. Milton foi a ovelha desgarrada da linhagem de são-paulinos.

- Meu pai, que é meu grande ídolo e meu exemplo, era são-paulino. Ele criou cinco filhos e eu fui o único corintiano. Ele nunca se opôs, mas me desafiava muito por isso, não tinha o que fazer - lembra-se Milton, que jura não forçar a paixão alvinegra na família. Seu neto Bruno, pai de Bruninho, confirma.

- Não sei exatamente quando virei corintiano. O ambiente todo sempre foi corintiano e antes de gostar do esporte já gostava do time. É contagiante - afirma.

Bruninho, de 8 anos, é uma criança de poucas palavras, mas sinceras. Questionado sobre como havia se tornado corintiano, ele sentenciou: "nascendo".

E a expectativa da família Pontes é grande. Milton é só elogios ao time do técnico Tite.

- Esse time atual tem muito a ver com o que penso da vida. Não basta ter grandes talentos. Talentos são importantes, mas há de se ter um sistema harmônico. Esse time leva isso a campo - completa.