sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Antes de ir ao Japão, Ralf encarou lutador de sumô e ouviu conselhos

Marcelo Braga - 07/12/2012 - 08:00 São Paulo (SP)

Um marcador implacável, desarmador nato, temido pelos adversários. Mas que, quando está frente a frente com um, não consegue encará-lo. Só gargalhar!

Pelo menos foi assim no encontro promovido pelo LANCE!Net entre Ralf, volante que promete anular qualquer perigo contra o Corinthians no Mundial de Clubes, e Willian Takahiro, o Taka, campeão brasileiro de sumô na categoria peso pesado, no CT do Timão, antes da viagem ao Japão. A foto da encarada entre os “oponentes” foi demorada. Cadê a cara de mal?

Com a experiência de enfrentar Neymar, Riquelme e outros craques em 2012, o camisa 5 se diz preparado para, quem sabe, cruzar o caminho de Oscar e Fernando Torres na final, caso o Timão e o Chelsea (ING) cheguem lá. Mas não se animou para tirar um “jogo de corpo” com o lutador de 120 quilos.

– Derrubar não é muito comigo, ele é melhor. Procuro deixar o pessoal em pé e, da melhor forma, roubar a bola e antecipar as jogadas – disse ele, que terminou o Brasileirão com média de 1,6 faltas por partida.

Corintiano, Taka tem 29 anos e, em outubro, disputou o Mundial em Hong Kong. Foi junto de outros 12 atletas. Ficou só em 18º lugar (veja detalhes abaixo), mas sua vitória foi outra. Ao lado dos amigos, fez até rifa para levantar o dinheiro necessário para todos os custos da viagem. Da delegação brasileira, quatro atletas ganharam medalhas de bronze.

Com pouco apoio no país, que tem cerca de 500 praticantes da modalidade, o sumô sobrevive na paixão dos competidores, como a de Taka.

– Toda arte marcial é uma guerra de vida ou morte. Então, o guerrero tem de ter três coisas para vencer: Shin Gi Tai. Shin é o coração, Gi é a técnica e Tai é o corpo. A mensagem é lapida seu físico, lapida sua técnica mas, principalmente, lapida teu coração. Para chegar preparado emocionalmente, enfrentar um adversário até maior, mas com coragem e vontade para derrubá-lo. Na guerra não se escolhe adversário – conta.

Focado na conquista, Ralf ouviu a dica e disse ter assimilado a receita:

– É o que já temos e vamos ter lá também. Vamos trazer o título!

GIGANTE ELIMINOU TAKA

No futebol, Mundiais geralmente colocam frente a frente grandes potências do futebol europeu com clubes sul-americanos. No sumô, a disparidade de “poder” também aparece às vezes. Menor lutador da categoria peso pesado (acima de 115 quilos), Taka até venceu a primeira luta do Mundial, mas acabou derrotado depois para um gigante.

Com “singelos“ dois metros de altura e 225 quilos, o russo Alan Karaev faturou o título algumas lutas depois. Já o brasileiro, na repescagem, ganhou a primeira luta, mas acabou perdendo para o mongol Byanba, ex-campeão do mundo. No peso pesado, não há peso máximo, apenas mínimo. Taka opta por não disputar o Brasileiro no médio porque o seu irmão compete nela.

– Já é a terceira vez que perco para o mesmo cara, mas voltei com o sentimento de dever cumprido, de ter ido lá e dado o sangue. É o mesmo sentimento que o Ralf deve ter por defender não só o Corinthians, mas todo um país. É algo legal.

Bate-Bola com Willian Takahiro
Lutador de sumô, durante encontro com Ralf, no CT

Explique um pouco do sumô...
É o esporte principal do Japão, bem antigo e arcaico, com uma regra bem simples: são dois lutadores em cima de um círculo o objetivo é tirar o adversário dele ou derrubá-lo no chão, com essa roupa que você está vendo (aponta para o mawashi), praticamente nu, que é o único lugar que o lutador tem para agarrar. É a simbologia da luta franca, sem armas.

Qual a diferença do Mundial que você disputou e que o Corinthians está prestes a estrear?
O Mundial do Corinthians é um sonho para todos nós corintianos e chama muito mais atenção do que o Mundial de sumô, não é? No nosso, fomos defender as cores do país após vencer o Brasileiro, conseguir a vaga e correr atrás de grana para todos. Foram quatro medalhas de bronze, o que para o Brasil foi um resultado ótimo.

Você acabou perdendo...
Lutei na categoria acima dos 115 quilos e perdi para o campeão, de dois metros e 225 quilos, Um pouquinho maior que eu (risos).

Bate-Bola com Ralf
Em conversa durante o encontro com Taka, no CT do Corinthians

Taka enfrentou um lutador de 225 quilos e disse que não teve medo. É um exemplo para o Timão não temer o Chelsea?
Falar em temer alguém é muito difícil, mas claro que a gente vai respeitando, sabendo da força que tem o Mundial. As pessoas falam muito no Chelsea, mas tem o jogo anterior, temos de respeitar e vamos buscar da melhor forma possível ter boas atuações para chegar à final e conseguir um título para toda a nossa nação.

Está todo mundo em forma no time ou alguém lutaria sumô?
Não, não...está todo mundo no seu peso ideal, uns até abaixo. O pessoal pega bem no pé e cobra muito, mas todos são ótimos profissionais e sabem que tem de estar mesmo no peso. E o clube tem ótimos nutricionistas e fisiologistas que sabem da importância da parte física. Vai estar todo mundo voando, todos no mesmo nível.

No Brasil, quem luta sumô tem dificuldades com patrocínio...
Espero que ajudem esses profissionais, que são pais de família, e que dependem do esporte...