sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Apelido da discórdia, vida na Fazendinha e união marcam Timãozinho

Não é difícil encontrar, ainda mais no Brasil, crianças e adolescentes que sonham em jogar futebol profissional, encantar com a camisa da Seleção e quem sabe até conseguir uma transferência milionária para a Europa. O único problema é que o caminho do sucesso tem muito mais baixos do que altos, muito mais frustrações do que glórias. Para tirar algumas pedras do caminho, os jovens talentos geralmente se apoiam uns nos outros - "amizade é tudo", como diz a música cantada pelos corintianos campeões mundiais, no Japão.

Em convívio diário quase fraternal, os 30 jogadores que atualmente fazem parte do time Sub-20 do Corinthians dividem sonhos, expectativas, lágrimas e indecisões. Isso sem contar as histórias engraçadas e de superação que os une e os faz acreditar que 2013 será um ano para entrar na história. Tudo às vésperas do corte de cinco nomes e da viagem a Araras, onde a equipe luta pelo nono título da Copa São Paulo de Futebol Júnior.

Marquinhos, Antônio Carlos e Giovanni são as inspirações corintianas

Filho de Rivaldo é um dos 30 pré-inscritos e sonha em jogar a Copinha

Corinthians faz trabalho de integração entre base e profissional

"Eu estou no Corinthians desde os quatro anos de idade. Isso faz 12 anos. Comecei no futebol de salão e aos nove fui para o campo, estou aqui até hoje. Outro dia eu estava até falando com o meu pai: são 20 dias fora de casa, mas 20 dias que podem mudar nossas vidas", entende o zagueiro Lucas Balardin, mais conhecido por Lucão, de 17 anos. Há menos de dez dias, o jogador se formou no Ensino Médio e agora espera ser aprovado no vestibular do Sport Club Corinthians Paulista.Inspirado em Chicão, campeão da Copa do Brasil, Brasileiro, Libertadores e Mundial como zagueiro do Corinthians, Lucão garante que o aumentativo do nome não é a única coisa que copia do companheiro profissional. "Quando eu vou ao CT, fico olhando o que ele faz certo, o que ele faz errado. Olho de perto mesmo. No time dele, o mais impressionante é a amizade do grupo, aqui também tem que ser assim", diz o defensor, respirando o ar da Fazendinha há doze anos, assim como o goleiro Matheus, um de seus grandes amigos no elenco.

Mas se engana quem pensa que no grupo comandado pelo estudioso treinador Rodrigo Azevedo Leitão só há irmãos. Uma discórdia agita os bastidores do clube a poucos dias do início da Copa São Paulo. E quem comanda a confusão é o capitão do time, o lateral Victor Pagliari Giro, mais conhecido pelo apelido de PC, que chegou até mesmo a integrar o elenco profissional do Corinthians em 2012.

Toda a confusão começou quando o volante Paulo César subiu de categoria para disputar a Copa São Paulo com o time Sub-20 e reclamou: ele é quem deveria ser chamado de PC. "Eu sou mais velho, eu que mando e vou ficar com o apelido", brinca o capitão da equipe em 2013, nascido no ano anterior ao do meio-campista, que só abaixa a cabeça para ouvir: "Boa juvenil, tem que obedecer mesmo".

Logo depois de relatar como a experiência de já ter jogado a Copinha pelo Corinthians o motivava a auxiliar os companheiros mais jovens, PC notou que Paulo César concedia entrevista à GazetaEsportiva.Net com o dente sujo de chocolate. Depois de chamar outros três jogadores para assistirem e rirem da cena, o ‘experiente’ lateral deu a dica: "O cara quer comer chocolate antes de dar entrevista, aí fica com o dente sujo mesmo. Depois eu falo que é juvenil e ninguém acredita. Guarda o chocolate e come depois. Essas coisas que você tem que falar pra eles. Queria é que estivessem filmando".

"A nossa forma de jogar é bem parecida com a do time profissional, sempre pressionando, tentando ganhar a bola lá no ataque e ficando com a bola no pé. Quanto mais conseguirmos posse de bola, menos risco iremos correr atrás", resume PC, taxado como "chato" por Paulo César, mas consciente daquilo precisa dizer para agradar em cheio ao técnico Tite, comandante do time profissional e sempre de olho nas revelações da base do Timão.

Antes do início da Copa São Paulo, no entanto, o primeiro objetivo é entender mais aquilo que diz o técnico Rodrigo Azevedo Leitão, Mestre e Doutor em Ciências do Esporte pela Unicamp e substituto de Narciso no objetivo de ser bicampeão. "Tem hora que ele fala só a língua dele, mas às vezes fala a nossa e a gente tem que entender também. Se bobear, esse time de 2013 é melhor que do ano passado", garante o atacante Leonardo que, mesmo sendo um dos mais jovens do grupo, também é uma das maiores promessas.