sábado, 17 de novembro de 2012

Com boas lembranças do Timão e do Mundial, Piazon sonha com Japão

O rival traz boas recordações, a competição também, e Lucas Piazon está louco para ser confirmado na lista dos jogadores que vão representar o Chelsea no Mundial de Clubes. Aos 18 anos, o atacante é o menos badalado do quarteto brasileiro dos Blues. Eleito melhor jovem da temporada passada, já foi integrado definitivamente por Roberto Di Matteo aos profissionais. Mas se as chances ainda são raras – entrou em campo apenas duas vezes em partidas oficiais -, o brasileiro espera que elas se repitam no próximo mês, no Japão.

Revelado pelo São Paulo, Piazon encarou de frente o desafio de deixar o país por uma oportunidade em um gigante europeu antes mesmo de virar profissional. Pouco mais de um ano após chegar à Inglaterra, porém, já tem a oportunidade de encarar pela primeira vez um clube brasileiro. Mais que isso, um adversário que o remete a lembranças positivas ainda da época em que era sub-15 do Tricolor Paulista.

- É legal. Se for para acontecer uma final, gostaria que fosse contra o representante brasileiro. Nada melhor do que o Corinthians, que é meu rival desde pequeno. O motivo para querer ir (para o Mundial) é duplo. Espero que aconteça o confronto. Lembro uma final de uma copa chamada Brasil-Japão. Eram os clubes paulistas e uns representantes do futebol japonês. Acabou que a final foi São Paulo e Corinthians. Eles abriram 2 a 0, eu fiz 2 a 1 logo na saída de bola e depois conseguimos empatar. Nos pênaltis, fizemos 5 a 3 e fomos campeões. Foi um jogão.

Lucas Piazon, Chelsea (Foto: Fellipe Arnold / Globoesporte.com)Na expectativa por chance no Mundial, Piazon quer final contra o Timão (Fellipe Arnold / Globoesporte.com)

Se o retrospecto contra o Corinthians, possível rival na decisão de 16 de dezembro – exatamente daqui a um mês –, é bom, melhores e mais antigas ainda são as memórias do Mundial de Clubes em si. Com apenas 11 anos, o menino Lucas acordou cedo na casa da avó no pequeno município de Mariporã, interior de São Paulo, em 18 de dezembro de 2005 para viver a melhor de suas experiências no simples papel de torcedor.

- Lembro bastante daquele jogo entre São Paulo e Liverpool. Todo mundo acordou cedinho, a família toda é são-paulina. Lembro do gol do Mineiro, de uma falta do Gerrard que o Rogério pegou e depois da festa nas ruas. Para o brasileiro, o valor é muito grande. Até por ser a única oportunidade de mostrar que nosso futebol é do mesmo nível do europeu. Mas aqui (na Europa) também é importante. Não focam tanto antes porque os campeonatos ainda estão rolando, mas o clube quer muito esse título.

PIAZON NOVA CAMISA DO CHELSEA (Foto: Tomires Ribeiro / Divulgação)Inscrito na Champions, Piazon é constantemente
relacionado (Foto: Tomires Ribeiro / Divulgação)

Inscrito na Champions League e sempre relacionado por Di Matteo para as partidas dos Blues, Piazon é nome quase certo na relação dos jogadores que viajará para o Japão. Uma convocação para a seleção brasileira sub-20, que disputará o Sul-Americano da categoria em janeiro, na Argentina, porém, poderia impedir a participação. Acostumado a fazer parte das categorias de base da equipe nacional, o jovem evitou apontar preferências.

- É difícil tomar uma decisão entre uma coisa ou outra. Na Seleção, são quase dois meses, eu sou um ano mais novo que a maioria, posso acabar não jogando... Tem que pensar bem em tudo. Não sei ainda quando sai a lista, a apresentação. O Mundial acaba dia 16, poderia chegar ao Brasil por volta do dia 18. Então, tem que ver tudo isso. Seria conversado para ver o que é melhor no momento. Adoro estar na Granja, com meus amigos, o ambiente é maravilhoso. Se desse para conciliar os dois, adoraria.

O aviso de Di Matteo: 'Pega suas coisas e muda para cá'

Em Londres com a família desde setembro de 2011, Piazon é exceção na regra de brasileiros que se mudam para o exterior. Totalmente adaptado, fala inglês com desenvoltura e costuma ser acarinhado por onde passa no CT do Chelsea, em Cobham, de funcionários a companheiros de equipe. Situação que facilitou a integração ao elenco principal, há cerca de três meses, e que o mantém tranquilo em relação ao futuro.

- Há um ano, eu não podia nem jogar. Hoje, já fiz jogos oficiais. Ter vindo antes me ajudou bastante. Agora, fico no mesmo vestiário do primeiro time, viajo, convivo, treino sempre... Isso é muito importante. Sei que fisicamente ainda estou um pouco abaixo do restante, encontro algumas dificuldades, mas o Chelsea fala que só com o tempo isso vai mudar, é uma coisa natural. Confio no planejamento do clube.

 Lucas Piazon gol Chelsea (Foto: Reuters)Piazon tem cinco partidas pela equipe de cima e um gol, em amistoso contra o PSG (Foto: Reuters)

Campeão da Copa da Inglaterra para jovens na temporada passada, o brasileiro participava esporadicamente das atividades com as estrelas campeãs da Europa, até que um bate-papo rápido com o treinador Roberto Di Matteo mudou sua rotina.

Lucas Piazon na partida do Chelsea (Foto: Getty Images)Lucas Piazon já mora em Londres desde
setembro de 2011 (Foto: Getty Images)

- Foi engraçado. Eu treinava com o time de cima, mas meu vestiário ainda era dos meninos. Até que um dia ele me chamou e disse: “Pega suas coisas e se muda para cá. Agora você vai ser inscrito nos campeonatos e ficar conosco”. E desde então tem me escalado nos jogos da Copa.

Em jogos oficiais, Piazon foi titular nos duelos contra os Wolves e o Manchester United, pela Copa da Liga. Por amistosos, participou de cinco pelo time profissional e fez um gol, marcado contra o Paris Saint-German, nos EUA.

- No primeiro jogo valendo, todo time foi bem, e isso me ajudou. Com 20 minutos, já estava 3 a 0, e acho que fui muito bem. Dei assistência, fui elogiado. Já contra o United foi mais difícil. Era um jogo mais complicado, o Rafael me marcou, eu voltava de lesão e não estava tão bem preparado, mas valeu pela experiência.

Experiência que Piazon espera adquirir também no Japão. Até para seguir colecionando boas recordações, tanto do Corinthians quanto do Mundial de Clubes.