sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Hora da vingança: em 2007, Timão foi 'afundado' no Brasileiro pelo Verdão

Felipe Bolguese e Renato Rodrigues - 14/09/2012 - 07:05 São Paulo (SP)

Corinthians x Palmeiras - Campeonato Brasileiro de 2007 - Fabio Braz e Max (Foto: Tom Dib)
Fábio Braz e Max disputam a bola em clássico pelo Brasileirão de 2007 (Foto: Tom Dib)

O Corinthians se cerca de cuidados para falar da situação do Palmeiras. Mas sabe que tem tudo para vencer o clássico de domingo, no Pacaembu, e ajudar a afundar o rival, que demitiu o técnico Luiz Felipe Scolari.

Há cinco anos, o enredo desenhou-se com o mesmo requinte de crueldade, mas de forma inversa. E o Alviverde “fez sua parte”: venceu as duas partidas pelo Brasileirão de 2007. A derrota por 1 a 0, na 27ª rodada, serviu como a pá de cal. Depois, o Timão somaria apenas 11 pontos nas 11 rodadas seguintes e não escaparia da queda para a Série B.

– Aquela derrota tirou o resto da confiança, que já era pouca. Tinha a diretoria, Dualib deixando a presidência... Uma bagunça total. Você perde um clássico desse e afeta demais para a sequência. Torcedor e imprensa esperam mais desses jogos. Se você perde, e já estava melindrado e inseguro, tudo piora. A cabeça de todos fica mais baixa – afirmou ao LANCENET! o técnico Zé Augusto.

– Não lembro de pior Corinthians do que naquela fase, trocando treinador, com um plantel pequeno, muito jogador que não estava no nível do clube. Tinha problema na diretoria, não tínhamos elenco. Encontrei uma equipe desorganizada e não dava para fazer mais nada – completou.

Zé assumiu interinamente após a saída de Paulo César Carpegiani. Em sete partidas, somou cinco derrotas e duas vitórias. Sua passagem acabou justamente após a derrota para o Palmeiras. Saiu queimado. Depois, nunca mais teria chance como técnico do time profissional, algo que o machuca até os dias de hoje.

Vampeta, supercampeão pelo Timão no fim da década de 90/início dos anos 2000, voltou naquele ano para tentar ajudar. Dias antes do Dérbi, provocou, citando a vitória sobre o Santos por 2 a 0. “Já comi um lambari, por que não comer um porco?”

– Se eu fosse jogador hoje, ia querer ganhar do Palmeiras e que se f... Jogador pensa assim. Eu agora só torço. E acho ruim para o futebol o Palmeiras cair – disse o ex-volante ao LNET!.

– Naquela época, tínhamos mais chances de escapar. Chegamos na última rodada dependendo de nós (precisava ganhar do Grêmio e torcer para o Goiás empatar com o Internacional). A situação do Palmeiras está complicada. Acho que não tem time para cair, mas está bem difícil. O pior é ser a segunda vez deles. A torcida não vai aguentar... – completou o ex-jogador.

O Corinthians está na zona intermediária da tabela. A cada dia que passa, pensa mais no Mundial no fim do ano. No entanto, estará com um time quase-ideal no Pacaembu. E sabe que, de certa forma, há pressão da torcida para que “cumpra o seu papel”. No 1 turno já venceu por 2 a 1. Chegou a hora de dar o troco...

Relembre a ficha de Palmeiras 1 X 0 Corinthians

PALMEIRAS: Diego Cavalieri; Wendel, Nen (Edmílson), David e Leandro (Valmir); Pierre, Makelele, Martinez e Valdívia; Caio (Luiz Henrique) e Max. Técnico: Caio Júnior

CORINTHIANS: Felipe; Iran, Betão, Fábio Braz e Carlão; Vampeta (Carlos Alberto), Bruno Octávio, Rosinei (Clodoaldo), Héverton e Aílton (Arce); Finazzi. Técnico: Zé Augusto

Local: Morumbi, em São Paulo (SP)
Data: 23 de setembro de 2007
Árbitro: Luiz Flávio de Oliveira (SP)
Assistentes: Ednilson Corona (Fifa-SP) e Nílson de Souza Monção (SP)
Gol: Nen, aos 14 minutos do segundo tempo

Bate-Bola: Zé Augusto
Técnico interino do Timão em 2007, hoje na equipe sub-20

Aquele 1 a 0 para o Palmeiras ainda passa pela sua cabeça?
Esses dias até li um relatório daquele jogo. Foi a última partida que treinei no profissional. Foi complicado, a pressão estava grande. Ficou marcado na minha vida. Vir das categorias de base e não conseguir salvar o time, não dar uma sequência... Fiquei muito abatido.

E como foi o pré-jogo?
Treinamos a semana inteira pensando em subir a autoestima. Saímos de Atibaia no dia do jogo, pensando que, se ganhássemos, o time ia crescer. Aí veio outra pancada. Depois do jogo, foi muito abatimento. Até da minha parte. Você via alguns jogadores dando declarações negativas... Aí você percebe que já era o desespero com a situação.

Acreditavam na reação?
Depois, ninguém acreditava. Os atletas sentiram que não tinha mais jeito. Quando não tem confiança, não adianta. Chama psicólogo, qualquer coisa... Todo mundo pensava: “Agora, vai cair”. Se ganhasse o Dérbi e embalasse três vitórias em clássicos, acho que teria mais jeito.

Vê a situação parecida no Palmeiras de hoje?
Nessa hora precisa de jogador que faz a diferença. Eles não têm três ou quatro assim. É difícil o treinador fazer mágica. Naquela época, não tínhamos nenhum cara que resolvia. Com todo respeito ao Palmeiras, tem dois ou três que podem ajudar, mas nenhum que resolva. O lado psicológico pesa, nem todos atletas estão preparados para receber pressão nessas horas.

Acha que o Corinthians vai entrar querendo afundar o rival?
É sempre gostoso ganhar clássico. E tem o planejamento do Mundial. É importantíssimo, independentemente da fase do Palmeiras, ganhar e atingir boa pontuação. Só que, dentro disso, tem a rivalidade. O Corinthians quer se livrar de chances de cair e, se puder matar um adversário direto, está ótimo. Isso passa pela cabeça dos jogadores, mesmo não sendo a prioridade.