segunda-feira, 30 de julho de 2012

Possível rival, Corinthians é assunto pouco falado no Chelsea... de Gana

Por mais que possa ser dito o contrário, é inegável que o mais roxo dos corintianos não tira um time da cabeça desde o último dia 4, quando faturou a Libertadores. Trata-se, obviamente, do inglês Chelsea, possível adversário do Timão na final do Mundial de Clubes, em dezembro. O que este torcedor pode não saber é que um homônimo do atual campeão europeu pode cruzar o caminho alvinegro rumo ao tão sonhado bi mundial. De Gana, o Berekum Chelsea disputa a Champions League africana pela primeira vez e, após uma boa largada (com uma vitória e um empate fora de casa), briga por uma vaga no Japão, mas com os pés no chão.

- Ainda estamos muito longe do Mundial. Este Chelsea tem jogadores jovens. Então, pensamos jogo por jogo e não vamos falar de Corinthians ou qualquer outro time por enquanto. Nossa meta de momento é bem clara: chegar às semifinais da Champions. É lógico que será fantástico enfrentar o outro Chelsea. Mas prefiro não ir tão longe ainda, apesar de tudo ser possível no futebol - disse o treinador da equipe, o holandês Hans Van der Pluijm, desde novembro no Chelsea e há 16 anos em Gana.

Berekum Chelsea, de Gana (Foto: Reprodução / Site Oficial)Clube mudou de nome quatro anos após ser fundado por torcedores do Chelsea (Reprodução / Site Oficial)

Logo, a palavra de ordem do Chelsea (o de Gana) é humildade. E isto tem explicação. Com um investimento que passa longe dos milhões gastos toda temporada pelo xará britânico, os africanos têm uma extensa lista de “contras”: apenas 12 anos de história; pouca tradição no futebol local; vêm de uma cidade sem peso (cerca de sete mil vivem em Berekum); e não há um suporte financeiro - muito diferente do Chelsea rico, que tem as contas pagas pelo russo Roman Abramovich.

Passo a passo até o Japão

Eric Agyemang e o técnico Hans Van der Pluijm, Berekum Chelsea, de Gana (Foto: Reprodução / Site Oficial)Agyemang é orientado por Van der Pluijm: holandês
vive há 16 anos em Gana (Reprodução / Site Oficial)

Sem investimento e tradição, a solução foi trabalhar. Os primeiros frutos saíram na temporada 2010/11, com a inédita conquista da Premier League de Gana, e - de brinde - a classificação para a Champions League, a versão africana da Libertadores, que dá vaga ao Mundial. O sorteio não foi lá muito gentil com o Chelsea, que parou no mesmo grupo do Mazembe, algoz do Inter no Mundial de 2010, e do Al Ahly, terceiro colocado da competição internacional em 2006.

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Dentro de campo, o que se vê é a equipe de Gana com personalidade: a estreia foi com uma vitória por 3 a 2 dentro de casa sobre o Zamalek, do Egito. Em seguida, no último dia 22, eles arrancaram um empate contra o favorito Mazembe, no Congo, o que muda um poucou as coisas e trouxe o deixou um pouco de favoritismo em Berekum.

- Observando este espírito de briga do Berekum Chelsea, eu tenho a forte convicção que eles vão estar na final e não seria surpresa alguma se eles encarassem os xarás do Chelsea no Mundial de Clubes. Eles têm apenas que ajeitar a defesa e garantir que o Clottey vai manter sua forma durante o torneio - diz o jornalista Kent Mensah, da versão de Gana do site “Goal.com”, em referência ao atacante Emmanuel Clottey, que marcou todos os cinco gols do time na Champions até agora.

Emmanuel Clottey, atacante do Berekum Chelsea, de Gana. (Foto: Reprodução / Site Oficial)Clottey é o artilheiro do Chelsea: ele marcou os cinco gols do time na Champions (Reprodução / Site Oficial)

Com oito times divididos em dois grupos com turno e returno, a Champions da África tem um regulamento simples. Avançam os dois primeiros de cada chave, que se cruzam nas semis, antes da grande decisão.

A situação de momento do grupo do Chelsea a seguinte: o Al Ahly é o líder, com seis pontos, enquanto a equipe de Gana aparece logo em seguida, com quatro. O Mazembe tem um único ponto, resultado do empate do dia 22, e o Zamalek amarga a lanterna. As semifinais acontecem entre os dias 5 e 21 de outubro, e as finais, entre 2 e 11 de novembro.

O Semereka virou Chelsea

Presidente de Gana, John Mahama, troféu e capitão do Chelsea, Owusu Jackson (Foto: Reprodução / Site Oficial)Capitão Owusu Jackson recebe taça do presidente
de Gana (Foto: Reprodução / Site Oficial)

O clube foi fundado em 2000 com o nome de Semereka FC por dois nativos de Berekum: Emmanuel Kyeremeh e Obed Nana Nketiah. Torcedores fanáticos do Chelsea da Inglaterra, os donos decidiram, em 2004, que era hora de mudar e se inspiraram no famoso xará britânico para rebatizarem o clube, além de adotarem o nome da cidade.

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O intuito, segundo os fundadores, era criar empregos para jovens da cidade. O projeto deu certo e, inicialmente, 75% do time era formado por locais de Berekun. As coisas, entretanto, mudaram ao longo desses últimos 12 anos, o time atingiu a elite e apenas um jogador da equipe original sobreviveu às ações do tempo: Jackson Owusu. Hoje, apenas quatro atletas do elenco atual são de Berekum.

Gana se veste de azul

Os maiores campeões da primeira divisão local são Asante Kotoko e Hearts of Oak, com 22 e 20 títulos, respectivamente, e o Chelsea passa longe dos dois maiores times do país no quesito tradição. O Coronation Park, acanhado estádio do clube (com capacidade para 10 mil torcedores), também não inspira medo nos adversários. Sem grandes rivais, a jovem equipe de Hans Van der Pluijm tem a simpatia do resto de Gana e pode-se dizer que representa o país na competição continental.

- Viemos de uma cidade pequena de apenas sete mil habitantes. Mas eu consigo ver toda a população de Gana torcendo pelo Chelsea - diz o treinador.

Berekum Chelsea, de Gana, encara o Zamalek pela Champions League da África (Foto: Reprodução / Site Oficial)Chelsea em ação pela Champions: time tem a simpatia dos rivais em Gana (Reprodução / Site Oficial)

Assim como falta torcida e tradição, o clube também não pode se gabar de ser uma potência financeira, como no caso do rico xará inglês. Sem um patrocinador, o Chelsea tem que se virar com um orçamento limitado e a aposta é na filosofia de um elenco humilde, mas com salários em dia.

- Não temos patrocinadores. Temos apenas uma pessoa que controla a equipe e buscamos ainda uma parceria. Mas não há problema quanto a isso. Pagamos tudo em dia.

O próximo compromisso do Chelsea pela Champions League será decisivo. O time de Van der Pluijm vai ao Egito duelar contra o líder do grupo, Al Ahly, onde uma vitória pode ser um passo e tanto para as semifinais. No Grupo A, o Espérance, time da Tunísia que disputou o último Mundial, lidera com seis pontos, seguido do compatriota Étoile du Sahel, com 4. Sunshine Stars, da Nigéria, vem em seguida (1 ponto), enquanto o Chlef, da Algéria, amarga a lanterna da chave.