segunda-feira, 11 de março de 2013

Joia do Tijuana, ‘Neymar’ equatoriano sonha com nova chance no Brasil

Estilo extravagante, cabelo meio “pica-pau”, correntes, roupas da moda... O atacante equatoriano Fidel Martinez tem tudo isso e um pouco mais à disposição em Tijuana, onde virou xodó depois de ajudar a equipe a ser campeã mexicana no ano passado e a fazer excelente campanha na Taça Libertadores de 2013 – três vitórias em três jogos. Nesta semana, porém, ele tenta se aproximar de um sonho que tem desde que foi dispensado do Cruzeiro por abusar da noite: Fidel quer ser ídolo no Brasil.

O Tijuana enfrenta o Corinthians nesta quarta-feira, no Pacaembu, e Fidel já tem história para contar sobre o país. Aos 23 anos, ele é mais conhecido no Brasil por ser sósia de Neymar, inclusive no estilo de jogo e no número 11 que leva às costas. Em rápida entrevista ao GLOBOESPORTE.COM, porém, ele avisa que não quer ser rotulado apenas como um seguidor do craque brasileiro que joga no Santos.

– Sou o Fidel, é assim que quero marcar minha história no futebol. Neymar é um grande jogador e admito que me inspiro nele, mas somos diferentes – avisou o equatoriano, após a vitória por 1 a 0 sobre o Timão, quarta passada, em Tijuana.

Mosaico - Fidel Martinez do Tijuana (Foto: Editoria de Arte)

Fidel Martinez acompanha Neymar de longe, pela televisão, mas poderia estar bem mais próximo do ídolo se tivesse conduzido melhor o início de sua carreira. Após chamar a atenção com o Equador nos Jogos Pan-Americanos de 2007, no Rio de Janeiro, Fidel foi contratado para a equipe sub-20 do Cruzeiro, destacou-se em alguns torneios internacionais e ganhou moral com Enderson Moreira, atual técnico do Goiás, que cuidava da base celeste na época.

Era muito novo, tinha só 18 anos, e não me adaptei tão bem no time de cima"

Fidel Martinez, sobre a passagem pelo Cruzeiro

Na época, ele também foi apadrinhado pelo zagueiro equatoriano Giovanny Espinoza, bem mais experiente. Mesmo com os conselhos, Martinez viu o sucesso lhe tomar o bom senso. E passou a abusar das noitadas em Belo Horizonte, de acordo com relatos dos próprios funcionários do Tijuana que conhecem sua história. O sósia de Neymar, porém, diz que o problema foi outro.

– Era muito novo, tinha só 18 anos, e não me adaptei tão bem no time de cima. Tinha grandes craques como o Ramires, era difícil conquistar uma vaga ali. E no fim, passei a jogar mais recuado, não na função que gosto – lamentou Martinez.

O equatoriano gosta de jogar como Neymar, aberto por uma das pontas e infernizando o lateral adversário com dribles e jogadas de efeito que enlouquecem sua torcida e irritam o rival. Foi assim contra o Corinthians, no México, e deve ser assim no Pacaembu. Em São Paulo, Martinez espera ter mais uma grande atuação, ajudar o Tijuana a vencer e ganhar uma nova chance no futebol brasileiro.

– Quem não sonha jogar no Brasil? Já tive essa oportunidade, mas agora estou mais preparado. Um dia espero voltar e jogar bem – disse o equatoriano.

Humildade, apesar das aparências

Fidel Martinez é um tipo humilde, tranquilo e querido por jogadores e funcionários do Tijuana, de acordo com pessoas que trabalham no clube. A vaidade é o que chama a atenção, tal qual Neymar. Na saída do Estádio Caliente, em Tijuana, o atacante estava com o cabelo vermelho cuidadosamente arrumado – como se nem tivesse entrado em campo. Bermuda descolada, tênis com meia soquete e uma camisa decorada por algumas correntes completavam o visual.

Quem não sonha jogar no Brasil? Já tive oportunidade, mas agora estou mais preparado"

Fidel Martinez, ex-Cruzeiro

Quem trabalha diariamente com Fidel está mais do que acostumado a essas extravagâncias. Mas quando chegou do Deportivo Quito, na metade de 2012, o equatoriano ainda não tinha tantos cuidados com o cabelo.

– Ele chegou sem o cabelo vermelho, é verdade. Nunca foi tímido, mas era mais discreto. O que importa mesmo é o que ele veste, as correntes que usa, o cuidado com o cabelo. Ele aproveita o bom momento para aparecer, e acho que está certíssimo – afirmou um funcionário da comunicação do Tijuana.

A vida em Tijuana pode ser tentadora, já que a cidade é conhecida por suas festas quase diárias com mexicanos e americanos que cruzam a fronteira colada ao local. De acordo com o clube, porém, Martinez não tem histórico de noitadas que comprometeram seu desempenho em algum jogo ou treinamento. Pode ser estratégia de blindagem do jogador, mas o discurso de quem fala do equatoriano é de confiança.

– Não falo isso por ele jogar no Tijuana e morar aqui, mas sim pelo que conheço dele. Aprendeu muito com os erros do início de carreira e quer se redimir. Creio que tem total potencial para estar no Brasil em 2014, se o Equador for à Copa, ou até mesmo jogando num time de lá. Mas duvido que saia daqui agora, é um ídolo – explicou outro funcionário do Tijuana.

Se depender da excelente campanha dos Xolos na Libertadores, Martinez pode sonhar mesmo com voos mais altos. O garoto humilde que saiu do interior do Equador é hoje o xodó de uma cidade inteira que o quer ver driblando novos adversários rumo ao título da América.