Renteria, conhecido dos brasileiros, é destaque do
Millonarios (Foto: Reuters)
O campeão mundial terá que colocar o pé na estrada e respirar fundo na primeira fase da Libertadores. O Corinthians fará longas viagens para enfrentar Millonarios, da Colômbia, Tijuana, do México, e San José, da Bolívia. O último apresenta uma dificuldade extra: a altitude de 3.700m em Oruro.
É um grupo diversificado. Tem uma potência renascida, o Millonarios, com uma torcida presente, que pressiona o adversário. Conta com um clube que não é dos mais expressivos na Bolívia, mas que tem o incentivo do presidente do país, Evo Morales. E ainda é integrado por uma equipe recém-nascida no México, simbolizada por um cachorro sem pelos, famoso no país.
O Millonarios tende a ser o obstáculo mais complicado para o Corinthians. Muito tradicional em terreno local, o time de Bogotá se afastou da Libertadores nos últimos anos, mas agora está de volta. No ano passado, já incomodou brasileiros na Sul-Americana.
A estreia do Timão é na semana que vem, às 22h de quarta-feira, contra o San José, na Bolívia. Um dia antes, Millonarios e Tijuana medem forças na Colômbia.
Montero (de azul) pode render perigo a favor do
Millonarios (Foto: Getty Images)
Uma potência do futebol colombiano volta a disputar a Libertadores. O Millonarios é o maior vencedor do campeonato de seu país: 16 vezes. Com isso, acostumou-se a jogar a principal competição continental. Sua 17ª ida ao torneio, porém, quebra uma ausência de 15 anos. A equipe de Bogotá não jogava a Libertadores desde 1997. Jamais foi campeã. Chegou às semifinais em 1960, 1973 e 1974.
É um clube em recuperação, que tende a ser o mais complicado do grupo para o Corinthians. Venceu o Torneo Finalización de 2012 e também fez bom papel na Sul-Americana, eliminando o Palmeiras nas oitavas e o Grêmio nas quartas de final - para depois cair para o Tigre, da Argentina, nas semifinais. Teve um dos grandes craques da história do futebol, o argentino Di Stefano, como um de seus maiores ídolos.
Atualmente, conta com um forte setor ofensivo, sustentado por Wason Renteria, ex-jogador de Santos, Atlético-MG e Inter - com o clube gaúcho, ele ganhou a Libertadores em 2006. Foi o goleador da última Sul-Americana, quando acompanhava Cosme no ataque - o jogador acabou negociado com o Queretaro, do México.
Fique de olho: a atenção não deve ficar apenas em Renteria. Fredy Montero é um jogador perigoso na área, com espírito de goleador, bom de posicionamento, eficaz de cabeça. Tem 25 anos.
Resultados recentes: estreou com vitória de 3 a 1 sobre o La Equidad na Liga Postobon, o campeonato nacional na Colômbia, mas não saiu do zero com o Independiente Medellín na segunda rodada.
Efeito caldeirão: e estádio Nemesio Camacho, mais conhecido como El Campin, pode ser um problema dos grandes. Não exatamente pelo estádio em si, que é grande, com capacidade para mais de 35 mil pessoas, com as arquibancadas não muito coladas no campo. A bronca é com a torcida. O Millonarios tem seguidores fanáticos, e o retorno do clube à Libertadores deve inflamar o público, como já aconteceu na Sul-Americana do ano passado.
Opinião: "É uma equipe muito aguerrida, com muita motivação, bem comandada por seu técnico e com uma torcida muito forte. Defensivamente, os laterais e os zagueiros se atrapalham em jogadas de bola parada" (Jhonsson Rojas, jornalista colombiano da Rede Caracol).
Carlos Saucedo, da seleção boliviana, defende
o San José (Foto: EFE)
É o time do coração do presidente da Bolívia, Evo Morales. Mas está longe de ser uma potência continental. Mesmo em território boliviano, o San José tem lá suas limitações históricas. Só ganhou o campeonato nacional duas vezes - o Bolívar, por exemplo, tem 20 conquistas. Chegou a passar pela segunda divisão na década passada.
Tem, porém, alguma experiência em Libertadores. Em 1996, chegou às oitavas de final, sua melhor participação no torneio - foi eliminado nos pênaltis pelo Barcelona de Guaiaquil. Em 2007, caiu no grupo do Santos no torneio. E conseguiu vencer os brasileiros em casa, por 2 a 1. Depois, levou 7 a 0 na Vila Belmiro.
A força do San José está no fator local. E por um motivo e tanto: os 3.700m de altitude de Oruro, sua cidade. Jogar lá é até pior do que atuar em La Paz. Por outro lado, é improvável que ameace fora. Em seu elenco, tem um brasileiro, o atacante Marcelo Gomes, revelado pelo Bonsucesso e desde 2004 atuando por clubes bolivianos.
Fique de olho: Carlos Saucedo, 33 anos, é a grande aposta de gols do San José. Tem bom poder de conclusão. É experiente, com passagem por boa parte dos clubes bolivianos - e também por Equador e Colômbia. Vem sendo chamado para a seleção de seu país.
Resultados recentes: começou bem a temporada no Campeonato Boliviano, com vitórias sobre La Paz (1 a 0), Blooming (2 a 0) e Aurora (2 a 1) e empates por 0 a 0 com Real Potosí, The Strongest e Jorge Wilsterman.
Efeito caldeirão: o San José joga no estádio Jesús Bermúdez, com capacidade para 32 mil pessoas. A torcida, mesmo que numerosa, não costuma pressionar - pode até atrapalhar a equipe da casa se ela não pular logo na frente. O maior problema é a altitude - de 3.700m.
Opinião: "Tem como principal qualidade a presença de dois goleadores de área, capazes de decidir uma partida a qualquer momento: Diego Cabrera e Carlos Saucedo. O problema é que vem tendo muitos altos e baixos no torneio local. Abdón Reyes é outra peça-chave" (Marco Mejia, jornalista do diário boliviano Pagina Siete).
Tijuana, mas também pode chamar de Xoloitzcuintles, ou pelado mexicano, o nome de um cão típico do noroeste do México - e símbolo do clube. O adversário do Corinthians, em meio a tantos times centenários na Libertadores, é um recém-nascido. Surgido em 2007, chega pela primeira vez ao torneio continental.
Cachorro é o mascote do clube mexicano, novato na Libertadores (Foto: Divulgação / Tijuana)
Tem ascensão muito rápida. Com apenas dois anos na primeira divisão mexicana, já foi campeão. E agora briga com força por mais um título nacional. Aí pode estar um fator determinante: é comum que equipes do país abandonem a Libertadores quando têm chances de conquistas locais, até porque a disputa continental não os classifica para o Mundial.
Tem um elenco que mescla jovens atletas com jogadores experientes. E de diferentes nacionalidades: americanos, equatorianos, colombianos, paraguaios, argentinos (entre eles o experiente Pellerano, ex-Independiente). Tem também um brasileiro, o meia Leandro Augusto, ex-Inter e Botafogo.
Fique de olho: o alicerce do meio-campo do Tijuana é Carlos Pellerano, rodado meio-campo argentino, ex-jogador de clubes como Racing, Arsenal, Colón, Argentinos Juniors e Independiente, pelo qual jogou a Libertadores de 2011 - fez um golaço contra o Peñarol.
Resultados recentes: começou muito bem a Liga Nacional. Nos cinco primeiros jogos, teve quatro vitórias e um empate: vitórias de 2 a 1 no Puebla, 1 a 0 no León, 2 a 1 no Pumas e 2 a 0 no Pachuca e empate por 2 a 2 com o Tigres. Porém, levou 2 a 1 do América no último sábado.
Efeito caldeirão: o estádio é grande, com capacidade para 33 mil pessoas, e a torcida dá seu apoio, mas sem uma pressão capaz de assustar. A maior dificuldade para o visitante está no campo. O gramado é artificial.
Opinião: "É uma equipe muito organizada, que fica firme na defesa, sai com a bola dominada e tem bons definidores. Parte de sua qualidade é devida ao treinador Antonio Mohamed, peça-chave para o elenco estar onde está. Pellerano e Arce são os talentos do meio-campo, e o contra-ataque fica com Duvier Riascos. O goleiro, Saucedo, briga pelo segundo posto na seleção" (Tony Lezama, jornalista do diário mexicano Estadio).