quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

No Alianza Lima, Guerrero deixa fama de 'bad boy' e inspiração em Ronaldo

HEADER SANTO GUERRERO (Foto: arte esporte)

O atacante Paolo Guerrero, herói do Corinthians no título do Mundial de Clubes, é uma pessoa calma, atende a fãs com tranquilidade e está sempre sorrindo. No entanto, quando entra em campo se transforma. O jogador ainda não expôs tal faceta no Timão, mas ela foi claramente vista no Hamburgo em 2010, quando ele chegou a jogar uma garrafa em um torcedor. Para os familiares e antigos treinadores, isso não é novidade. O centroavante tem  temperamento explosivo nos jogos desde quando era criança, na base do Alianza Lima.

especial Paolo Guerrero (Foto: Reprodução)Paolo Guerrero cresceu como jogador no Alianza Lima (Foto: Reprodução)

Formado pela equipe peruana dos sete aos 18 anos, Guerrero virou homem e jogador pelo que aprendeu e fez na equipe de Lima. Lá, onde ainda pretende encerrar a carreira, segundo familiares, teve seus dias de "bad boy".

O exemplo mais claro da competitividade de Guerrero foi dado aos 13 anos. Quem acha que a atitude de Paulo Henrique Ganso na final do Paulistão de 2010, entre Santos e Santo André, quando se recusou a ser substituído por Dorival Jùnior, foi algo inédito, engana-se.

Ganso, hoje no São Paulo,não quis deixar o campo, mas não entrou em discussão com Dorival. Guerrero, por sua vez, explodiu. Indignado com o sinal de substituição, ele fez gesto de negativo, jogou a camisa longe e deixou o gramado. Quem conta a história é Julio Garcia, que seria o treinador do atacante dois anos mais tarde. Era a primeira vez que Garcia via Guerrero em ação.

- Quando ele passou na lateral do campo e me viu, ficou paralisado. Eu lhe dei uma bronca, mandei pegar a camisa de volta e pedir desculpa ao treinador dele na época (Rafael Castillo, que atualmente tem 85 anos e não se recorda desta história). A mãe e o pai dele me parabenizaram - diz Garcia.

Preleção "com Ronaldo"

especial Paolo Guerrero (Foto: Reprodução)Guerrero na base do Alianza (Foto: Reprodução)

Desde que o Fenômeno se aposentou, em 2011, o Corinthians procurava um substituto de peso. Liedson chegou a cumprir bem a função em 2011, mas caiu fisicamente e foi preterido por Tite. Assim, surgiu espaço para Paolo Guerrero assumir o posto e virar o titular incontestável da posição, principalmente após os dois gols no Mundial.

Curiosamente, o próprio Ronaldo influenciou a infância de Guerrero. Certo dia, antes de um clássico da base contra o Sporting Cristal, Julio Garcia mostrou na preleção um vídeo com gols do craque. Guerrero e Farfán, parceiros desde aquela época, ficaram maravilhados e até se esqueceram de comer. Garcia, então, prometeu cópias das imagens de presentes à dupla caso eles marcassem. Resultado: 2 a 0 para o Alianza Lima, com um gol de cada, e recordação do Fenômeno garantida.

Julio Campo especial Guerrero (Foto: Marcelo Hazan / Globoesporte.com)Julio Garcia mostra campo no qual Guerrero jogou (Foto: Marcelo Hazan / Globoesporte.com)

Driblador?

Influenciado por R9, Guerrero já mostrava faro de artilheiro na base do Alianza, clube pelo qual ganhou diversos prêmios. Mas seu estilo nem sempre foi de centroavante, conta o treinador Rafael Castillo.

Rafael Castillo especial Guerrero (Foto: Marcelo Hazan / Globoesporte.com)Rafael Castillo treinou Guerrero
(Foto: Marcelo Hazan / Globoesporte.com)

- Ele gostava de carregar a bola e sair driblando. Ninguém segurava. Não gostei quando foi para a Europa, pois sabia que o fariam mudar a forma de jogar - diz Castillo, que não deixa de exaltar a capacidade de definição do atleta.

Técnico de Guerrero dos 11 aos 15 anos, ele diz que o fato de o jogador ter iniciado jogando nas ruas de Lima lhe trouxe vantagens e defeitos. Castillo atribui o gosto e a paixão do atacante pelo esporte a esses momentos, mas recorda que teve de lapidá-lo para que aprendesse a jogar coletivamente, pois era um jogador fominha.

Felizmente para o Timão, ele mudou.