terça-feira, 17 de julho de 2012

No Rio, zaga do Timão tenta retomar eficiência histórica

Felipe Bolguese
Rodrigo Vessoni

Publicada em 17/07/2012 às 20:40
São Paulo (SP)

A zaga é o setor que menos preocupa o torcedor do Corinthians desde a queda para a Série B. De 2008 para cá, o desempenho foi fantástico, com médias baixíssimas de gols tomados e alguns recordes (tabela abaixo). Números que, devido à prioridade da Copa Libertadores e as trocas de duplas de zaga, não estão sendo repetidos no Brasileiro.

Uma eficiência que nesta quarta-feira, a partir das 21h50, contra o Flamengo, no Engenhão, Chicão e Paulo André tentarão retormar. Será o terceiro confronto da nova dupla, formada após a transferência de Leandro Castán para a Roma (ITA) – estiveram juntos no revés para o Botafogo, por 3 a 1, e na vitória sobre o Náutico, por 2 a 1.

Será também mais uma oportunidade para que a equipe de Tite consiga passar 90 minutos sem ser vazada, algo que não aconteceu nos nove jogos até agora. Em todos jogos, levou ao menos um gol.

Marquinhos e Antonio Carlos, com uma participação mais recente de Wallace, foram os homens da defesa do Timão nos primeiros jogos do Nacional. Nas laterais, ao invés de Alessandro e Fábio Santos, houve a necessidade de o treinador colocar Welder e Ramón, mantendo os titulares focados na Copa Libertadores.

Agora, não. Com o término da competição sul-americana, Chicão e Paulo André terão uma sequência de jogos para confirmar a fama e os números de muralha do sistema defensivo do Corinthians. O entrosamento da dupla, porém, ainda parece como obstáculo para esse sucesso.

Além de não terem atuado com frequência, já que Castán sempre foi intocável e o revezamento foi feito entre eles nos últimos dois anos, há um problema de adaptação de Paulo André ao lado esquerdo. Destro, o camisa 35 tem vem tendo dificuldade para se posicionar na saída de bola.

Além de Castán, Tite perdeu Alex na equipe titular. Mudanças que cairão no colo do treinador, que aceita a responsabilidade de reconstrução.

– O quarto reajuste de equipe que teremos, é da minha atribuição. Que bom esse problema, só teve porque é campeão  – afirmou o comandante.

E é bom que Paulo se acerte logo porque a chance de um zagueiro de fora ser contratado até sexta-feira, data de fechamento da janela de transferência, é grande (ao lado).

COM A PALAVRA

Henrique, ex-capitão e zagueiro do Corinthians nos anos 90

"Vai continuar com a mesma eficiência'

"O Corinthians começa a se defender lá na frente. A marcação já é forte com Sheik, Jorge Henrique... Tem os dois volantes, Paulinho e Ralf, que facilitam muito a vida dos zagueiros. Não vai mudar muita coisa essa nova dupla de defesa. O Paulo André é bom. O Castán era canhoto e casava melhor com o Chicão, mas não vai fazer muita diferença. Problema não vai ter, o Corinthians está bem montado. Independentemente de quem jogar, vai continuar com a eficiência defensiva, vai continuar como uma das melhores defesas por muito mais tempo. A saída do Castán será sentida pela vontade que tinha, era muito bom no jogo aéreo também, a maioria das bolas era dele. Vai perder a qualidade do Castán."

BATE-BOLA

Fábio Carille, auxiliar-técnico do Corinthians

O que muda na zaga com a saída de Castán e a entrada de Paulo André ao lado de Chicão?
Eles têm características diferentes. Como o tempo vão se acertando. Paulo tem mais leitura de jogo, está mais para um William Capita, que também fez uma ótima dupla com Chicão. Eles têm tudo para ter bom entrosamento.

Por que a zaga tem sido tão eficiente nos últimos anos?
Porque sai um jogador de cada vez, se for o caso. Nunca saem dois, três... A espinha dorsal é mantida, isso facilita para nós.

A característica de todos ajudarem na defesa será mantida?
Tenho certeza de que vai se manter. É o que nos fez chegar ao título brasileiro e da Libertadores. Todo mundo participando. Nosso estilo não pode mudar. É importante para a defesa jogar bem e não sofrer com a pressão.

TRÊS DUPLAS DE ZAGA DE 2008 PARA CÁ:

Chicão e Willian
Chicão veio trazido por Antonio Carlos Zago, que assumiu o cargo de gerente de futebol do Timão após a queda, em janeiro de 2008 (eles tinham atuados juntos no Juventude). Willian veio a pedido de Mano Menezes, que havia sido seu treinador no Grêmio. Dupla que fez história, atuando por três temporadas (2008, 2009 e 2010)

Chicão e Leandro Castán
Com a aposentadoria de Willian, dois jogadores iniciaram 2011 com chance de titularidade: Paulo André e eandro Castán. O primeiro, que era favorito, fez uma cirurgia no joelho esquerdo e ficou de “molho” por algum período. Castán assumiu e não largou mais. Dupla esteve no primeiro turno do BR-11 e na campanha da Libertadores-12.

Paulo André e Leando Castán
Decisão de Chicão de abandonar a concentração no início do 2 turno fez com que o mesmo perdesse espaço. Paulo assumiu e, ao lado de Castán, fecha o Brasileirão como titular e com o título. Paulo não inicia ano de 2012 como titular devido a outro problema no joelho. Chicão retoma seu espaço e se destaca no título da Libertadores.

EXEMPLOS DA EFICIÊNCIA DA ZAGA:

PAULISTÃO-08 (MENOR MÉDIA DO CAMPEONATO)
JOGOS: 19
GOLS SOFRIDOS: 15
MÉDIA: 0,79
POSIÇÃO: 5º lugar
DUPLA: Chicão & Willian

PAULISTÃO-09 (MENOR MÉDIA DO CAMPEONATO)
JOGOS: 23
GOLS SOFRIDOS: 18
MÉDIA: 0,78
POSIÇÃO: 1º lugar
DUPLA: Chicão & Willian

PAULISTÃO-10 (MENOR MÉDIA DO CAMPEONATO)
JOGOS: 19
GOLS SOFRIDOS: 18
MÉDIA: 0,94
POSIÇÃO: 5º lugar
DUPLA: Chicão & Willian

BRASILEIRÃO-11 (MENOR MÉDIA DO CAMPEONATO)
JOGOS: 38
GOLS SOFRIDOS: 36
MÉDIA: 0,94
POSIÇÃO: 1º lugar
DUPLA: Chicão & Leandro Castán / Paulo André & Leandro Castán

LIBERTADORES-12 (MENOR MÉDIA DO CAMPEONATO)
JOGOS: 14
GOLS SOFRIDOS: 4
MÉDIA: 0,28
POSIÇÃO: 1º lugar
DUPLA: Chicão & Leandro Castán

BRASILEIRÃO-12
JOGOS: 9
GOLS SOFRIDOS: 12
MÉDIA: 1,33
POSIÇÃO: 14º lugar
DUPLA: Chicão & Paulo André / Antonio Carlos & Marquinhos