Marcelo Braga - 17/11/2012 - 09:00 São Paulo (SP)

No jogo no Olímpico, Cássio foi poupado. Agora, volta ao Sul para jogar no Beira-Rio (Foto: Miguel Schincariol) Há quase sete meses como titular do Corinthians, Cássio é exemplo para muitos jovens pelo Brasil. Mas, em Veranópolis (RS), a 170 quilômetros de Porto Alegre, onde o Timão pega o Internacional no domingo, às 19h30, um deles em especial se espelha no corintiano há muito mais tempo.
Aos 18 anos e com 1,88m (sete anos e sete centímetros a menos do que o camisa 12), Eduardo tenta trilhar os passos do irmão. Nem que, para isso, receba uma mãozinha fraternal. No último mês, o irmão arranjou para ele testes no Sport, onde passou 15 dias, mas foi dispensado por excesso de goleiros em sua categoria.
– Não é que ele não foi aprovado, é que, hoje, não temos a necessidade de investir nele. Mas é um bom goleiro – garante Luizinho Strey, coordenador da base do Leão.
Mas Dudu não desanima. Com passagens por alguns clubes da região e também por São Bernardo e Botafogo de Ribeirão Preto, ouve do primogênito que tem de lutar. Palavras muito bem assimiladas pelo jovem, que tem pelo irmão um carinho e respeito enormes.
– Nosso pai separou da mãe (Maria) quando eu era novo, então o Cássio foi um pai para mim. No colégio, às vezes nem era minha mãe que brigava comigo, mas ele. Quando estava na Holanda, me ligava. Nossa família é de lutadores – diz ele, que não vai ao Beira-Rio a pedido do irmão, que teme reação negativa de torcedores colorados.
Negociado pelo Grêmio, do qual era quarto goleiro, para o PSV (HOL) em 2007, Cássio chegou ao Timão em janeiro deste ano. Como foi poupado na derrota para o Grêmio por 2 a 0 no Olímpico, no primeiro turno (Danilo Fernandes jogou), será a primeira partida dele em seu estado desde que voltou.
– Foram sete anos no Grêmio, enfrentar o Inter é especial. Para mim, continua sendo o rival – diz o goleiro, com gana pela vitória.
No Natal, a passagem de Cássio pelo Sul será mais longa. E quem sabe até como campeão mundial.
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Cássio e sua irmã Taís, a mãe Maria e o irmão Eduardo (Arquivo pessoal)
Com a palavra
Eduardo Ramos (Dudu)
Irmão de Cássio
Temos de parecido a coragem para sair na bola
As coisas são um pouco mais fáceis para mim por ser irmão de Cássio, mas estou trabalhando e buscando meu espaço. Talvez volte ao Sport em janeiro, eles estavam sem vagas de alojamento. O que temos de parecido é a coragem para sair na bola, de ir sem medo até o fim. Ele é mais alto, o tamanho favorece, mas sou ágil.
Cássio me fala para ficar tranquilo nos jogos e sempre preparado fisicamente. Muita coisa mudou para nós com ele no Corinthians. A relação com as pessoas é outra, ficamos até mais bonitos. Aumentou a mulherada em cima (risos).
Fiquei alegre quando ele foi chamado para a Seleção, mas já esperávamos por tudo o que ele fez. Vencer o Mundial e ir para a Copa são os objetivos dele.
TIO DO GOLEIRO TRABALHOU COM TITE
Muito presente na criação de Cássio, da irmã Taís e do irmão Eduardo, João Carlos é sempre citado pelo goleiro como um dos responsáveis por sua educação. O tio, que em Veranópolis (RS) é conhecido como Kojak e hoje trabalha em um lava-rápido, foi companheiro de Tite no início da carreira do técnico. Como massagista do clube da cidade, ele e o técnico venceram a Segunda Divisão gaúcha em 1993, levando o VEC para a elite.
A coincidência, porém, só foi descoberta tempos depois da contratação, quando o técnico e o goleiro conversaram no CT sobre a cidade. Mas não foi o primeiro contato entre os dois. Quando era “pequeno”, antes mesmo de completar seis anos, entrava no campo de mãos dadas com o tio e até frequentava o vestiário onde o técnico comandou entre 1992 a 1995.
– Eu não tinha nem nascido na época do acesso, nasci em 1994, mas o Cássio ia sempre mesmo aos jogos com o meu tio – diz Dudu.
Em julho deste ano, antes da final da Libertadores, quando o Timão venceu o Boca Juniors e faturou o título, Kojak esteve no CT Joaquim Grava com os demais familiares do goleiro e bateu um longo papo com o treinador. Depois, a convite da diretoria, assistiram à vitória por 2 a 0 na Área VIP do Pacaembu.
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Kojak com Tite no CT, em julho deste ano (Arquivo pessoal)
– Eu não me recordo do Cássio, até porque ele era muito pequeno, mas o Kojak é uma pessoa com quem tenho contato até hoje. O Cássio é o que é hoje graças ao Kojak, que sempre foi um cara do bem. Foi muito bom saber que eu voltaria a trabalhar com uma pessoa da família deles agora no Corinthians – disse Tite ao site UOL.